quinta-feira, 30 de junho de 2011

DIÓGENES VISITA ALÉCIA

O Astro Rei estava totalmente encoberto por espessas nuvens negras.

Do céu, incessantes e finos pingos d'água teimavam em cair sobre Alécia.

Estávamos  -  eu e Adalta  -, nos dirigindo ao aeroporto com a intenção de recepcionar um amigo vindo de muito longe.

Ainda no saguão, avistamos Diógenes no aguardo da liberação de sua bagagem.

Do lado de fora, pudemos ouvir a voz rouca do Diógenes dirigindo-se a um funcionário do estabelecimento:

- Cuidado! - Tem coisa frágil aí dentro... pode quebrar!

Adalta e eu nos entreolhamos e devemos ter pensado juntos:

- "Deve ser a tal lamparina!"

Eu mal podia acreditar!  Em pouco, estaria diante de duas das mais expressivas e probas figuras da Grécia Antiga: Adalta, a Espiritualizada e Diógenes, o Filósofo que dedicou a vida na busca de um homem honesto, com sua lamparina!

E o que era mais importante: poderia dialogar com elas!

Assim que ultrapassou a porta que separa a sala de desembarque do saguão, o ex-discípulo de Antístenes acenou em nossa direção.


Nos aproximamos para recebê-lo...

- Olá, Adalta  -  disse Diógenes  -  Esse daí deve ser o Alethea de quem você tanto fala!
- Seja bem-vindo, Diógenes de Sínope. - disse Adalta, acrescentando  -  Sim, este é o grande Alethea!

- Olá, Alethea!

- Como vai filósofo...!

- Tudo bem... mas, não me chame assim! - exclamou Diógens  -  Você já viu filósofo mendigando nas ruas e morando dentro de um barril?!

É que o Diógenes de Sínope, depois de ter deixado a companhia de Antístenes, passou a perambular pelas ruas de Atenas e Corinto, fazendo da pobreza extrema uma virtude. Sua casa era um barril.


- Ora! mas isso é uma opção que qualquer um que esteja contrariado com os rumos da sociedade pode tomar, como forma de protesto! Ninguém, em sã consciência, deve cruzar os braços diante da corrupção! -  Tentei justificar.

- É, você tá certo! Quando se está impotente diante de uma situação dessas, só resta o protesto!  - assentiu Diógenes.

-  Mas, deixemos os problemas atenienses pra lá! vamos ao que interessa neste momento...  -  disse Adalta, com certa ansiedade  -  O que o traz aqui em Alécia, Diógenes?

- Você não vai acreditar!  Ganhei duas passagens aéreas e a estada de uma semana no Brasil! Foi num concur...


- Mas, por que a escolha de Alécia?! - interrompe Adalta.


- Andei lendo alguns contos de um escritor local muito conhecido por lá... Jorge..., acho que é esse o nome!

- Ah! o Jorge Amado!  -  exclamou Adalta.

- Sim, esse mesmo!

- Olha!  talvez você não saiba, mas, o "Contador de Estórias" já silenciou! Ele agora está morando eu outro lugar!

Disse e completei, perguntando:

- O que você espera encontrar por aqui?!

- Oh! quem sabe... algum outro homem honesto!  Se não um escritor... quem sabe, um político!

- Hummm...! por isso que você trouxe sua famosa lamparina, né!?

- Ah!  você conhece a história, Alethea?

- Como não!?

- Bem... é isso... vou aproveitar o tempo passado aqui em Alécia para iss..!

- Pois vai perder seu tempo!  -  interrompeu Adalta, com certa rispidez.

E foi completando:

-  Aqui, você vai gastar todo o gás de sua lamparina e não irá iluminar uma fronte sequer de um honesto! Muito menos, se for político!

- Ma...  -  tentou ponderar Diógenes.

- E tem mais, caro Diógenes, em Alécia também não tem estátuas...! Ou melhor, tem somente uma... a de uma protistuta grega chamada Sapho. Não sei se você a conheceu por lá!

Como eu não estava entendo a razão de Adalta ter se referido a estátuas, perguntei:

- Adalta, e onde é que entra estátua nessa história? Diógenes só deseja encont...

Adalta  -  interrompendo-me  -  apressou-se em explicar:

- Uma vez, em Atenas, nosso amigo Diógenes foi visto falando com uma estátua... e quando lhe perguntaram o motivo de tal conduta, ele respondeu: 


"Por dois motivos: primeiro é que ela é cega e não me vê, e segundo é que eu me acostumo a não receber algo de alguém e nem depender de alguém."
Levamos o Diógenes até a pousada indicada pela agência de turismo e, antes de nos ausentarmos, aproveitamos para deixar um conselho ao nosso ilustre visitante:

- Diógenes, sugerimos que você aproveite todo o seu tempo livre para descansar, tomar banhos de mar e provar da culinária local.  - disse Adalta.


Adalta ainda fez outro alerta:


- Tenha cuidado com a lixarada e os ratos que podem ser encontrados nas ruas!  Não queremos que você volte para Atenas cheio de doenças!

- É... quando for a um barzinho ou restaurante, peça uma caipirinha!  -  completei.

Adalta, mais uma vez, alertou: 


- E nem pense em ir a "Tabocas das Pedras Pretas"! Essa província vizinha a Alécia não é diferente!  A canalhice e a esaculhambação também reinam por lá!

- Nem utilizando todo o combustível do Gasene na sua lamparina, você encontrará um honesto em Alécia ou Tabocas! Especialmente, se for no meio político!  -  dissemos juntos.


E o nosso filósofo Diógenes de Sínope seguiu nossa recomendação ao pé da letra.  

Curtiu o quanto pode as belezas de Alécia e nem retirou a lamparina da bagagem!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

ALÉCIA, A BELA ANDRAJOSA "COMEMORA" 477 ANOS


Quando ainda virgem, foste foi presente de Rei.  
Aquele que te recebeu como dádiva, desdenhosamente não te quis.  
Mesmo sendo bela e desafiadora, trocou-a pelo fausto e o luxo de corte de além-mar.
Optou o contemplado, transferir a honraria da "donatação" real para aventureiro de Espanha.  
Este, visionário e destemido, corre a pacificar tua ira nativa. 
Retirou o teu véu, desnudou-a.
Um a um, teus pequenos e formosos montes foram pela primeira vez tocados, conquistados.
Um por um, aportaram-te os ilhéus. 
Por tuas sendas interiores, enveredaram os mais intrépidos desbravadores.  
Fecundada, encheram-te de verdejantes campos. 
Theobroma cacao-frutos.jpegE o néctar foi visto jorrando de tuas matas na riqueza do "fruto dos deuses".
Invadida pelo "manjar dos deuses", galgaste a condição de singular eldorado.
Honraria em elevado grau ou sina malfazeja?!
Paixões desenfreadas, cobiça, traições, lutas pelo poder e terras, ensoparam-te com sangue e ódios.
Fizeram de ti o que bem quiseram! Despedaçaram-te!
Contudo, cortejam-te até hoje os langorosos Almada e Cachoeira.
Sequiosos, beijam-te..., abundam-se de sal, ao tempo em que despejam fios d’água, adoçando teu mar.
Tua histórica fertilidade romanceia, numa mistura de ficção e verdade.
Serviste de inspiração a teus nativos, notadamente aos devaneios dos mais ilustres   – Adonias e Amado. 
Na visão desses abnegados, materilizada por bicos de pena afogados em tinta nanquim, foste transformada em contos, prosas e versos. 
Hoje, em vão, tentam resgatar os tempos d'outrora... à guisa de atrair novos visitantes.
Mas, além de não mais possuíres os encantos da mocidade, estás maltratrada, andas andrajosa e feia...  
Dadivosa em natureza, assiste àqueles que deveriam cuidar-te, servirem-se de ti...

O RACISMO É UMA MERDA...

...POR ISSO SÓ PODE SER ENCONTRADO EM REGIÕES INTESTINAS OU NAS CABEÇAS DOS IMBECÍS!!!

Como direi...?  Bem, comecemos assim...

Vinguei da cópula de um já "mestiçado" descendente de "portugas" com uma cafuza de rosto arredondado e pele esmaecida.

Dessa dessa mistura, nasci sem cor definida. Na minha certidão, grafaram "morena", como referência à cor da pele. Hoje, prefiro a definição "parda".

O local de nascimento? 

Quase que dentro de uma canoa carregada com 100 sacos de cacau!  A canoa singrava as águas do Rio Pardo na direção de onde eu deveria vir à luz.

Ufa!  quase não dá tempo!  as contrações uterinas eram fostes... eu já estava de ponta-cabeça e pressionava... e pressionava...

Vi a luz pela primeira vez, debaixo d'uma barcaça de cacau. Era um local de pouca luz. Meu olfato, já aguçado! Lembro-me bem que o cheiro das amêndoas secas do secador, misturado ao do cacau quebrado que estava fermentando nos cochos, enchiam aquele ambiente acolhedor com um aroma peculiar e incomparável.

O meu coração... Ah, o meu coração... continuava batendo como antes, na vida intra. Muito vermelho e cheio de sangue. Do mesmo jeito e formado com os mesmos tecidos dos corações de brancos, negros, amarelos, vermelhos e gente de outras "cores".

Quando cresci, fiquei sabendo que ninguém tem "coração branco". 

Ainda bem!

Se o meu fosse branco, ficaria muito puto da vida!

terça-feira, 28 de junho de 2011

477...

Não!  Não é o número de um vôo!

É uma contagem de tempo... Tempo que levou um burgo e sua gente a profundezas abissais!

O cotidiano dos trabalhadores... o odor forte do suor das mulas... secadores, cochos e caçuás... "ocupações" de criança de roça...

Reminiscências de menino num fragmento desse tempo.

Um dia, o menino deixou uma das províncias de Alécia e o sibilar de seus alísios esvoaçantes para trás. 

Foi "surfar" o Atlântico! Três décadas ininterruptas no desiderato de bem cumprir uma missão. 

Andanças propícias à emancipação e ao senso crítico, quando bem aproveitadas.

Retorno... 

A roda do mundo andou... continua andando...

Observo Alécia!

Contrariando a inexorável roda  do tempo e marcada pela insanidade dos próprios rebentos, Alécia estacionou!
O bailar das ondas, ainda que incessante e alvissareiro, nada te trouxeram! 

Aos poucos "rebeldes" que, como eu, enxergam além das cercas, exorto ao "arregaçar de mangas".

A partir de cada horizonte conquistado, enxerga-se um novo horizonte... mais um novo horizonte... outro novo horizonte, infinitamente...!

Tudo tem tempo, tem hora! Esse tempo é agora!

Fala-se de construção de ponte...Ligar nenhures a algures e alhures.  Comenta-se sobre zona franca, aeroporto, ferrovia...

Sim!  É preciso construir uma "PONTE"! 

O mais importante é a "PONTE"!

Uma "PONTE" que supere o abismo criado pelos homens! Isso não se alcança simplesmente com cimento, pedras e trilhos!


Fazem-se necessários novos comportamentos, despidos de egoísmos, com honestidade de propósitos e visão de futuro. 

Uma reforma íntima de cada um de seus habitantes!

Como último e necessário recurso, far-se-á o alijamento dos refratários à reforma pessoal da vida pública.  Não devem permanecer, como "resíduos" nocivos à sociedade, a dar o tom e os rumos de Alécia!

Sem isso, outras pontes, viadutos, aeroportos, duplicação de estradas, ferrovias, "zepeéis", serão desejos vãos! 

Acorda, Alécia!!!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

PROSTITUIÇÃO & CORRUPÇÃO

Ando me perguntando...

De quem foi a idéia e quais os motivos para que a estátua de uma prostituta grega fosse colocada na praça que separa dois dos "poderes" da República em Ilhéus!?

Sapho de Lesbos
Sapho de Lesbos, segundo os escritos encontrados, nasceu em uma família grega rica e aristocrática.  

Fora um misto de poetisa e prostituta de luxo. 

As prostitutas de luxo eram conhecidas por "hetairas". 

As "hetairas" faziam parte da mais alta categoria das prostitutas gregas.  

Na Grécia, considerava-se a prostituição uma atividade laborativa como outra qualquer.

A dúvida permanece...

Qual a relação entre Sapho e o Paço Municipal?  e a Câmara de Vereadores?  

É uma simbiose pela virtude poética? 

Ou uma simbiose pelos pecados capitais?

Não se sabe!   

O que se sabe é que ela está ali no meio... De costas para uns e de frente para outros...
Mudei para o Rio em 69.  Só então pude compreender a babaquice que é baiano torcendo por clubes do Rio de Janeiro.  
 
Não quero aqui falar dos preconceitos sofridos pelos nordestinos por lá, mas, tão-somente, dizer que pode-se passar a vida inteira procurando, que não vai achar,  um carioca torcendo por um clube de futebol que não seja da sua cidade. (Escrevi "cidade" porque carioca refere-se à cidade do Rio e não ao Estado, como muitos erroneamente pensam).
  
Como sempre gostei do bom futebol  -  e naqueles tempos o Rio praticava o bom futebol  -,  costumava ir a praticamente todos os jogos no Maracanã e em outros estádios.
  
Nos clássicos, não tinha preferência por esse ou aquele time.   Somente quando os chamados "grandes" jogavam com os "pequenos"  -  America, Bonsucesso, Olaria, Bangu, Campo Grande, Portuguesa, São Cristovão e Madureira  - eu tomava partido.  Torcia para os pequenos.
 
Entre os chamados "pequenos" da época, o clube que mais incomodava e tirava pontos dos "grandes" era o America.
 
O America (que deve ser escrito sem acento agudo) ganhou por 7 vezes o Campeonato Carioca.  Num tempo em que o Campeonato era Carioca de verdade!  Somente clubes do Rio participavam da disputa.  
 
Depois da "fusão", vieram os clubes fluminenses de diversas outras cidades  -  Campos, Nova Frigurgo, Cabo Frio, Volta Redonda, Rezende, etc.
 
Lembro-me que em 74 o America tinha um timaço. Contava em seu elenco com jogadores como Mareco, Antunes e Edu (irmãos de Zico), Ivo, Caio Cambalhota e Luisinho.
 
Em meados dos anos 70, aconteceu um fato pitoresco envolvendo o América e o Fluminense. O America tinha um jogador chamado Jeremias que era o carrasco do tricolor.  Jeremias entrava no final das partidas com o Fluminense e sempre decidia com um golzinho aos 45 do segundo tempo, dando a vitória ao America.  
 
Para acabar com a situação, a diretoria do Fluminense tomou uma atitude:  comprou o passe do Jeremias e o colocou em seu próprio banco de reservas.  Assim, não corria mais o risco de perder seus jogos com o America.
 
O mais ilustre entre os torcedores americanos -  Lamartine Babo  - foi o autor dos Hinos de vários clubes do Rio. Lamartine compôs os hinos de Flamengo, Botafogo, Vasco, Fluminense e... claro, America.  
 
Não por acaso, o Hino do America é considerado pelos críticos o mais bonito.
  
 
 
Mais bonito... entre os hinos dos times do Rio, claro...  No Brasil, o mais bonito é o do Esquadrão de Aço!

sábado, 25 de junho de 2011

MAIS UMA VITÓRIA DO ESQUADRÃO


marcone bahia gol atlético-pr (Foto: Geraldo Bubniak / Agância Estado)Marcone abriu o caminho para a vitória tricolor na Arena da Baixada (Foto: Geraldo Bubniak / Agância Estado)
 
Na Arena da Baixada, o Bahia acaba de detonar o Atlético Paranaense por 2 a 0.  Nos últimos dois jogos, foram 6 pontos conquistados fora de casa.

Com mais essa vitória o Bahia vai para 8 pontos, ocuapando a 9ª colocação na tabela.

Na próxima quarta, o Tricolor de Aço recebe o Corinthians em Pituaçu.

AFLITO NA INVÁLIDOS

Naquele dia não iríamos direto para Bonsucesso.

Tínhamos combinado nos encontrarmos na Rio Branco para, dali, comparecermos a um setor do Detran-Rio, que ficava na mem de Sá.

Saí do Quartel-General dos Fuzileiros Navais, na Ilha das Cobras, um pouco mais cedo.  Quando cheguei à Rio Branco, Adel, que trabalhava num órgão da Marinha ali próximo, já me aguardava.

Tomamos, a pé, a direção da Mem de Sá.  

Era uma quarta-feira de final de mês e o pagamento só sairia dali a dois dias.  Precisávamos economizar até com o transporte.

Começamos a caminhar em ziguezague: Mayrink Veiga, Marechal Floriano, Antigo Ministério da Guerra... Dali, era preciso atravessar a Presidente Vargas, com suas quatro pistas...  Naquela época, ainda não havia a passagem subterrânea do Metrô.  A travessia tinha que ser entre os carros, esperando que ou o sinal da Uruguaiana ou o da Central do Brasil fechasse, para dar uma aliviada no trânsito.

Chegamos ao outro lado... Contornamos a  Praça da República, cruzamos a Frei Caneca e ganhamos a Rua dos Inválidos.  

Mal demos os primeiros passos na Inválidos, em frente à Irmandade de Santo Antonio dos Pobres, nos deparamos com um homem sentado na calçada.  Com um recipiente de coleta de doações ao lado, rogava ajuda em dinheiro.

Eu e Adel nos olhamos... Nossa grana estava contada para as passagens até Bonsucesso naquele dia e no dia seguinte, nos delocamentos de casa para o trabalho e vice-versa.

Igreja de Santo Antonio dos Pobres
Sem titubear, Adel abaixou-se, ficando de cócoras ao lado do pedinte e engatou conversa com ele.  

Fiquei em pé, ouvindo.  

No seu relato, o homem disse que havia perdido todo o interesse pela vida depois da morte da mulher e de dois filhos no incêndio ocorrido no ano de 1961, na cidade de Niterói, quando muitas pessoas morreram pisoteadas e queimadas.

Disse ser advogado e que antes da tragédia, possuía um escritório nas proximidades da estação das barcas com uma grande clientela.

Adel era um seguidor da Doutrina Espírita, por isso, sabia perfeitamente como agir em situações como aquela. Colocou uma das mãos no ombro do homem e disse-lhe primeiramente que não estava em condições de ajudá-lo financeiramente naquele momento. Que seus entes queridos desencarnados no episódio narrado, estavam certamente vendo-o naquele estado e preocupados com ele.  Que os espíritos de sua esposa e filhos, certamente sofriam em vê-lo naquela situação e sentiam-se impotentes por nada poderem fazer para consolá-lo. Que ele precisava repensar sua decisão e retomar a vida como antes, pois era o que mais seus entes queridos na espiritualidade desejavam.

O homem, segurando com ambas as mãos uma das mãos de Adel, agradeceu-lhe e não conseguiu impedir que algumas lágrimas escapassem de seus tristes olhos.

Antes de partirmos, disse que somente o fato de termos parado para dar-lhe atenção já valia muito mais do que toda a ajuda financeira que pudesse receber.  Que ninguém nunca havia se abaixado para falar com ele;  muito menos tocado-o com as mãos. Afirmou que a maioria das pessoas que por ali passava, sequer lhe dirigia um olhar. Quando muito, jogavam uma moeda no coletor e seguiam em frente.

Deixamos o homem.  Adel ainda alertou-o no sentido de que pensasse no que lhe havia dito.

No cruzamento com a Mem de Sá, dobramos à direita, fazendo mais uma perna do ziguezague que começamos desde a Mayrink Veiga.

Assunto resolvido no Detran, voltamos à Presidente Vargas por outro caminho. Em frente à Central do Brasil, tomamos a condução para Bonsucesso, onde morávamos.

No dia seguinte, quinta-feira, tudo transcorreu dentro da normalidade.  Fomos e voltamos do trabalho.

Na sexta, era dia de pagamento.  A rotina no aquartelamento foi "solecada" para que pudéssemos passar nas agências bancárias antes de irmos para casa.

Contudo, tínhamos, mais uma vez que ir ao Detran. Dessa feita para o recebimento da Carta de Habilitação que Adel estava renovando. 

Encontramo-nos no mesmo local da quarta e seguimos na direção da Mem de Sá.  Dessa feita, não estávamos mais "duros"; estávamos "estribados", como se dizia no Rio para quem está com alguma grana no bolso.

Decidimos ir a pé, fazendo o mesmo itinerário.  Nossa intenção, mais do que tudo, era reencontrar o homem da rua dos Inválidos.  Como agora estávamos "estribados", podíamos ofertar-lhe uma pequena ajuda financeira. 

Assim que ganhamos a esquina da Inválidos com a Frei Caneca, espichamos o olhar bem à frente.  Queríamos ver se o pedinte ainda estava ali. 

Não, o homem não mais se encontrava naquele local!  Sentimos um misto de decepção e alegria.  Decepção por não podermos ajudá-lo e alegria por acharmos que ele tinha atendido ao apelo de Adel e dado um novo curso em sua vida.

Ficamos com o segundo pensamento.  Ele nos deixava mais satisfeitos do que a oportunidade de ter oferecido algumas moedas ao nosso amigo.

Praça das Nações - Bonsucesso
Naquela sexta-feira, nossa satisfação foi tanta que  chegamos à Praça das Nações em Bonsucesso e fomos diretamente à nossa pizzaria preferida, na Avenida Nova Iorque. Queríamos degustar uma saborosa pizza de mussarela, a especialidade da casa.

Assim que o garçom que sempre nos atendia apareceu, Adel disse: 

"Estamos comemorando a vitória de um amigo!" "Traga aí a melhor pizza de mussarela que você tiver!"


sexta-feira, 24 de junho de 2011

EQUIPE SUB-15 DO BAHIA VAI REPRESENTAR O BRASIL EM LONDRES



Ao sagrar-se Campeã do Torneio Nike, o Bahia vai representar o Brasil na Inglaterra, em agosto próximo.

O Bahia venceu o Santos na final por 1 X 0 com gol de Gabriel Ramos.

O Torneio com a participação de oito equipes do estado de São Paulo :- São Caetano – Botafogo – Desportivo Brasil – XV de Novembro – Pão de Açúcar – Santos – Corinthians – Palmeiras; quatro clubes do Rio de Janeiro – Botafogo – Fluminense – Vasco e Senda; Coritiba (PR) – Internacional (RS) – Atlético (MG) e Bahia disputaram a competição para a escolha do representante brasileiro no Torneio a ser realizado em Londres (Inglaterra) no mês de Agosto vindouro, quando o tricolor da Boa Terra será o Brasil na disputa internacional.

Veja a campanha:

Bahia 0 X Fluminense 1 - venceu o Botafogo, o Coritiba, o Desportivo Brasil, repetindo o escore de 1 X 0, perdeu para o Fluminense por 1 X 0, venceu o Atlético Mineiro por 2 X 0 na final ganhou do Santos por 1 X 0.

EQUIPE JUNIOR DO BAHIA SEGUE DANDO SHOW EM TORNEIO NA ITÁLIA


Time júnior do Bahia goleia italianos e está na semifinal do torneio Ângelo Dossena

O Bahia aplicou 5 a 0 no Albinoleffe, com gols de Gabriel, Rafael, Lenine, Robinho e Fábio. Semifinal é na quarta-feira




Redação Ibahia
O time júnior do Bahia continua dando show no torneio Ângelo Dossena, na Itália. Depois de vencer o Milan, a equipe goleou o Albinoleffe por 5 a 0, neste domingo (19) e se classificou para a semifinal do torneio em primeiro no seu grupo.

O gols do Bahia saíram dos pés de Robinho, Gabriel, Lenine, Fábio e Rafael. A equipe atuou com: Renan (Ruan); Madson, Dudu, Laércio (Everton) e Jussandro; Robinho, Lenine e Fábio; Gabriel (Ítalo Melo), Rafael e Maranhão. O técnico é Laelson Lopes.


O Bahia volta a atuar na próxima quarta-feira e aguarda a confirmação do seu adversário na semifinal. Além do MilanO torneio Ângelo Dossena conta com equipes da Inter de Milão, Parma e Atalanta. 

http://www.esporteclubebahia.com.br/noticia_detalhe.asp?cod=10771 


DO BLOG DO "DEGAS"

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Tribunal e os Cartórios

Eis que a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia solicita à Assembléia Legislativa que o processo de privatização dos cartórios seja feita de maneira "gradual". No entender da presidente, deve-se seguir o processo "na medida em que os cartórios fiquem vagos".

A matéria está aqui.

Fico imaginando se ela já enfrentou pessoalmente a realidade dos cartórios da Bahia. Que venha, por exemplo, a Ilhéus, a digníssima Juíza, com o simples e corriqueiro intuito de autenticar um documento.

Experimente os cartórios daqui.


A Juíza entende que o Tribunal não pode abrir mão da receita dos cartórios, que representaria 30% da sua receita total.

Neste caso ocorrem-me algumas perguntas.

Os cartórios recebem efetivamente  30% do investimento do TJ, já que respondem por 30% da receita?

Se os cartórios representam 30% da receita do TJ, porque os serviços simplesmente não funcionam?

Porque na Bahia uma ida ao cartório, que no restante do Brasil é uma operação de poucos minutos, demanda do usuário um turno inteiro, e sequer se lhe dá a garantia de que logrará êxito?

O que a Juíza entende por privatizar "na medida em que os cartórios fiquem vagos"? Quanto tempo levará até que isso aconteça?

Que medidas o TJ efetivamente tomou para melhorar, ainda que minimamente, o atendimento inqualificável prestado pelos cartórios da Bahia?

O presidente da Assembléia Legislativa, ao que parece, pretende levar a cabo o processo de privatização dos cartórios imediatamente. Se bem que, em política, imediatamente é sempre uma coisa que não acontece exatamente de maneira imediata. Pode ser dia 29 próximo. Ou pode ser dia 5. Isso do ponto de vista do Legislativo Estadual. Porque há trâmites posteriores que devem ser seguidos desde a possível mudança. E isso tomará ainda mais tempo e paciência dos baianos.

Isto posto, o fato é que os usuários não perceberão as melhorias, se houverem, muito rapidamente. Talvez chegue o dia em que estejam no passado os padecimentos pelos corredores, às voltas com senhas distribuídas de madrugada, para o mero exercício incerto de um direito, que talvez só seja alcançado após muitas horas de espera.

Uma perspectiva, ao menos.

Caso a Assembléia cumpra o que seu presidente promete, então haverá esperança por dias melhores. Onde o cidadão da Bahia terá nos serviços notariais não um prêmio obtido após uma longa e extenuante maratona.

Será apenas um direito corriqueiro. 


http://alvarodegas.blogspot.com/2011/06/o-tribunal-e-os-cartorios.html