Quando ainda virgem, foste foi presente de Rei.
Aquele que te recebeu como dádiva, desdenhosamente não te quis.
Mesmo sendo bela e desafiadora, trocou-a pelo fausto e o luxo de corte de além-mar.
Optou o contemplado, transferir a honraria da "donatação" real para aventureiro de Espanha.
Este, visionário e destemido, corre a pacificar tua ira nativa.
Retirou o teu véu, desnudou-a.
Um a um, teus pequenos e formosos montes foram pela primeira vez tocados, conquistados.
Um por um, aportaram-te os ilhéus.
Por tuas sendas interiores, enveredaram os mais intrépidos desbravadores.
Fecundada, encheram-te de verdejantes campos.
Invadida pelo "manjar dos deuses", galgaste a condição de singular eldorado.
Honraria em elevado grau ou sina malfazeja?!
Paixões desenfreadas, cobiça, traições, lutas pelo poder e terras, ensoparam-te com sangue e ódios.
Fizeram de ti o que bem quiseram! Despedaçaram-te!
Contudo, cortejam-te até hoje os langorosos Almada e Cachoeira.
Sequiosos, beijam-te..., abundam-se de sal, ao tempo em que despejam fios d’água, adoçando teu mar.
Tua histórica fertilidade romanceia, numa mistura de ficção e verdade.
Serviste de inspiração a teus nativos, notadamente aos devaneios dos mais ilustres – Adonias e Amado.
Na visão desses abnegados, materilizada por bicos de pena afogados em tinta nanquim, foste transformada em contos, prosas e versos.
Hoje, em vão, tentam resgatar os tempos d'outrora... à guisa de atrair novos visitantes.
Mas, além de não mais possuíres os encantos da mocidade, estás maltratrada, andas andrajosa e feia...
Dadivosa em natureza, assiste àqueles que deveriam cuidar-te, servirem-se de ti...
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