Tinha ido recepcioná-la ao desembarcar... Tassala, bonita como sempre, usava um enorme sobretudo aveludado. Servia para protegê-la dos ventos que sopravam em Alécia, ao mesmo tempo em que lhe escondia as curvas sensuais.
Talassa ainda se encontrava no convés principal, preparando-se para desembarcar. Quando ela estava no meio da escada de portaló, ouvi um sussurro saindo de seus lábios "Paquiderme!". Era, provavelmente, dirigido a alguém que vinha logo atrás, tal o meneio de cabeça feito pela minha amiga.
A alcancei ainda no patamar inferior da escada que ligava o navio ao pier. Peguei uma de suas bolsas e, antes mesmo de desejar-lhe boas-vindas, fui perguntando.
- O que te causa tanta aflição minha amiga?
- Ah! Um certo sujeito ali... Daqueles que querem levar vantagens em tudo! - Respondeu-me, demonstrando muita irritação.
- Vamos lá... esquece. - Tentei acalmá-la.
- Pois é Alethea... aparece cada um...
Não deixei que ela concluísse e fui dizendo:
- Por falar em paquiderme, ninguém tem culpa de ser um...
- Como? - Interrompeu Talassa, estupefata.
- É isso mesmo! Você sabia que os paquidermes formavam a espécie mais bem preparada para o Planeta até a chegada dos seres humanos!?
- Não! - Ela exclamou.
- Pois é... os homens são os sucessores dos paquidermes no que tange a adaptação às intempéries terrenas. Portanto, não vejo nada demais no fato de alguns humanos ainda se comportarem como paquidermes!
- Você tá brincando, Alethea!
- Não, não tô não! Falo sério. E tem mais... existem alguns paquidermes que são até mais dóceis e educados do que certos humanos. Veja o caso dos elefantes...!
- Alethea, acho que você tirou o dia pra ficar contando piadas! Logo hoje, que eu cheguei!
- Tá bom! Você tem razão... mas, deixe eu te dizer uma última coisa...
- Ainda sobre paquidermes?
- Sim. Não esqueça, foi você quem pronunciou essa palavra primeiro!
- Vá lá, diga! Mais só dessa vez!
- Se todo mundo que gosta de levar vantagens é "paquiderme", aproveite o período de descanso que você pretende passar em Alécia pra tentar identificar a enorme quantidade desses "bichinhos" encouraçados que andam pelas ruas "fantasiados" de gente.
Talassa riu e deu-me um tapinha nas costas, enquanto saíamos da sala de recepção portuária na direção do estacionamento.
Que dúvida!
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Que dúvida!
Qual dos dois eu uso pra ilustrar esta prosa?
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