Neste espaço, pretendo comentar sobre um termo do "baianês" muito falado aqui, no sul da Bahia.
A "palavra" é extremamente "poderosa", pois pode ser usada em diversas situações, em cada uma delas com um significado totalmente diferente.
É como "nestante", que pode ser pretérito, presente ou futuro; ou como "mais", que praticamente substitui todos os pronomes do caso oblíquo tônico: comigo por "mais eu"; conosco por "mais nóis"; contigo e convosco por "mais você"; só pra citar os casos mais escrachados.
Mas, a "palavra" de hoje é "pocar"!
Na maioria dos usos, "pocar" substitui o verbo "espocar", que quer dizer "explodir", "estourar". A bola ou o balão "pocou". Também, pode ser usada para substituir outros verbos, como quebrar, partir, arrebentar. A linha da pipa "pocou"! O vidro "pocou"! Ora, linhas e barbantes não "pocam" - não explodem nem estouram -, simplesmente se "partem" ou arrebentam". Vidros não "explodem"; "quebram", "estilhaçam" ou "trincam".
Há casos em que "pocar" - eu não disse que a palavra é poderosa -, serve para definir um estado traumático. Isto é, um ferimento causado por traumas. É o caso de "Fulana está com o rosto, o lábio ou o supercílio, 'pocado'". Também vale para outras partes do corpo: pé "pocado", e por aí afora.
Diz-se que está "pocado", alguém que bebeu além da conta! Em outros lugares é "pinguço" ou "mamado". Pinguço porque bebeu muita pinga e mamado porque bebeu como se fosse de mamadeira. No Rio Grande do Norte é "molhado". Por dentro, claro!
Existem muitos outros sentidos para a aplicação do "verbo" "pocar", por aqui. Lembrei desses que estão aí em cima. Acho até que quando se quer afirmar que "é o bom", já se usa "pocado". Também já ouvi dizer que alguém está se "pocando" ou se "pocou" de rir.
Penso que o termo está em extinção! Digo isso, por que tenho observado a criançada de hoje e, grande parte dela, não faz uso do "pocar". (Pelo menos aquelas do meu convívio familiar). Talvez pelo fato de os programas e desenhos animados que assistem na TV não o utilizarem.
No entanto, isso não serve como referência, considerando que, em nossa casa, combatemos todos os usos incorretos da Língua Portuguesa, incluindo esses do "baianês" local.
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