domingo, 12 de junho de 2011

"BAIANÊS" EM PROCESSO DE EXTINÇÃO

Neste espaço, pretendo comentar sobre um termo do "baianês" muito falado aqui, no sul da Bahia.

A "palavra" é extremamente "poderosa", pois pode ser usada em diversas situações, em cada uma delas com um significado totalmente diferente.  

É como "nestante", que pode ser pretérito, presente ou futuro; ou como "mais", que praticamente substitui todos os pronomes do caso oblíquo tônico: comigo por "mais eu"; conosco por "mais nóis"; contigo e convosco por "mais você"; só pra citar os casos mais escrachados.

Mas, a "palavra" de hoje é "pocar"!  

Na maioria dos usos, "pocar" substitui o verbo "espocar", que quer dizer "explodir", "estourar". A bola ou o balão "pocou".  Também, pode ser usada para substituir outros verbos, como quebrar, partir, arrebentar.  A linha da pipa "pocou"! O vidro "pocou"! Ora, linhas e barbantes não "pocam"  - não explodem nem estouram  -, simplesmente se "partem" ou arrebentam". Vidros não "explodem"; "quebram", "estilhaçam" ou "trincam".

Há casos em que "pocar"  -  eu não disse que a palavra é poderosa  -, serve para definir um estado traumático.  Isto é, um ferimento causado por traumas.  É o caso de "Fulana está com o rosto, o lábio ou o supercílio, 'pocado'". Também vale para outras partes do corpo: pé "pocado", e por aí afora.
Um cara com o corpo malhado já é considerado "pocado" na malhação. 

Diz-se que está "pocado", alguém que bebeu além da conta!  Em outros lugares é "pinguço" ou "mamado". Pinguço porque bebeu muita pinga e mamado porque bebeu como se fosse de mamadeira. No Rio Grande do Norte é "molhado".  Por dentro, claro!

Existem muitos outros sentidos para a aplicação do "verbo" "pocar", por aqui.  Lembrei desses que estão aí em cima. Acho até que quando se quer afirmar que "é o bom", já se usa "pocado". Também já ouvi dizer que alguém está se "pocando" ou se "pocou" de rir.

Penso que o termo está em extinção!  Digo isso, por que tenho observado a criançada de hoje e, grande parte dela, não faz uso do "pocar". (Pelo menos aquelas do meu convívio familiar). Talvez pelo fato de os programas e desenhos animados que assistem na TV não o utilizarem.  

No entanto, isso não serve como referência, considerando que, em nossa casa, combatemos todos os usos incorretos da Língua Portuguesa, incluindo esses do "baianês" local.

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