segunda-feira, 31 de julho de 2023


2101 – O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO

Capítulo IV – No Fórum

Naquela manhã acizentada de julho, Talassa e Aletheia dirigem-se ao Fórum da cidade de Redentor. O vento gelado e frio balouça os longos cabelos cacheados de Talassa. Aletheia, muito friorento, fecha o zíper do casaco até o pescoço.

Na entrada do estabelecimento, chamou-lhes a atenção a enorme escultura de Themis, o símbolo ilustrativo das grandes decisões judiciais. De olhos vendados, a estátua, em pé, segura na mão direita uma espada e na esquerda uma balança com os dois pratos da mesma altura.

A ida dos dois àquele órgão da Justiça tinha por propósito a homologação de um registro de acordo feito em cartório, no qual as partes haviam decidido - sem a intervenção de advogados -, o que era de direito de cada uma delas.

Ao ingressarem no saguão do prédio já os estavam esperando Hermes e Héstia, irmão e cunhada de Aletheia.

- Como vão vocês meus caríssimos?! - exclama Aletheia.

- Tudo bem Aletheia! - unissonamente, ambos respondem.

- E tu Talassa, como estás? 

- Tudo bem, meus amados! – Talassa responde e se aproxima dos dois para abraçá-los.

- Antes de virmos para cá, eu estava conversando com Héstia sobre o nosso conhecimento a respeito do modo como as divisões de patrimônios, muitas vezes, eram realizadas nos séculos passados – pondera Hermes.

- É verdade meu querido irmão! Mesmo nas condições de parentes, as pessoas litigavam nesses casos tão simples, ao ponto de gerar processos com advogados a defenderem os interesses das partes – concorda Aletheia.

- Como o mundo mudou, não é verdade amigos!? – exclama Talassa.

- Sim! Inclusive os representantes da Justiça hoje se resumem ao mínimo necessário para validar judicialmente esses acordos, a fim de cumprir as exigências legais que regem os direitos de propriedade – concorda Hermes.

- E não somente a quantidade de Juízes passou por uma redução... os profissionais da advocacia compõem uma classe praticamente em extinção – Aletheia acrescenta e continua... – Muito especialmente na área criminal devido a não mais ocorrência desses atos hediondos.  

- Pois é, meus amigos, tudo isso só foi possível depois que o planeta Terra passou pela última transição planetária, no decorrer dos dois séculos anteriores, quando os espíritos recalcitrantes perante as Leis Cósmicas - depois de diversas oportunidades dadas pela Fonte Criadora para os seus aperfeiçoamentos -, foram degredados para um orbe distante – afirma Héstia.

- É verdade! E não foi por falta de avisos! Os principais avatares enviados pela Divindade – e não foram poucos -, deixaram com muita clareza as suas mensagens de alerta aos homens – diz Talassa.

- Entretanto, alheados e enredados no cipoal das paixões - como acontece com os insetos nas teias de aranha -, os homens desdenharam desses alertas e hoje pagam pelas dívidas contraídas com as Leis Universais – assentiu Hermes.

- Pois é! De acordo com as notícias que nos chegam do plano astral, o que foi vaticinado se cumpriu, tendo dois terços da humanidade terrena sido banida para Absinto – Aletheia complementa.

- Sim – intervém Talassa – E tem muitos dos nossos irmãos merecedores de estar aqui nessa Nova Era que ainda não retornaram. Estão sendo instruídos em outras dimensões pelos Mensageiros da Luz, para trazerem novos avanços científicos e tecnológicos para o ambiente terreno, quando aqui chegarem.

- Seremos mais de dez bilhões de seres vivendo na organicidade e sem as mazelas do passado – completa Héstia.

- Exatamente! afirma Hermes – E hoje os alimentos já são abundantes em decorrência de novas técnicas de cultivo, dos avanços das ciências nas modificações introduzidas no DNA das plantas com o objetivo de torná-las mais resistentes, mais produtivas e mais nutritivas. 

- E com a ausência das criações de animais para alimento humano, os espaços disponíveis para o cultivo de alimentos vegetais aumentaram consideravelmente. Hoje, já são poucas as pessoas a se alimentarem de carnes; futuramente esse consumo será extinto, pois os alimentos de origem vegetal oferecerão todos os nutrientes necessários à uma vida saudável, incluindo os aminoácidos formadores das proteínas – conclui Hermes, com rara sabedoria.

- Não será mais necessário sacrificar os bichos! – Talassa exclama com entusiasmo.

- Hoje, – diz Héstia - o que chama a atenção é o fato de que, com apenas o fim da ganância, da cobiça e do egoísmo, todas as pessoas têm acesso à comida nas quantidades suficientes. E, pela mesma razão, hoje - neste ano de 2101 -, não faltam casas para que todos possam ter um lar para morar com conforto e dignidade.

- Este novo século é apenas o primeiro passo para o estabelecimento da Nova Era – o período de regeneração do planeta – cujas melhorias ainda estão por vir no decorrer do presente milênio – Aletheia afirma e todos concordam com gestos.

Cumprida a determinação legal de homologação judicial de todos os acordos anteriormente feitos nos registros cartoriais, os quatro amigos saíram do Fórum e foram confraternizar no Café Colonial Harmonia, um estabelecimento situado a poucos metros de onde se encontravam.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

2101 - O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO

2101 – O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO 


Capítulo III – Visitando Alécia 


  Naquele fim de semana, Talassa e Aletheia realizam uma viagem que, há muito, havia sido programada. Uma rápida visita a Alécia, histórica e charmosa cidade do interior de uma das províncias de Soter. Em meados do século 20, Alécia ficou mundialmente conhecida por meio dos contos de um grande escritor da região, nascido na cidade vizinha de Tabocas. Em seus livros, o notável escritor narrava a saga de uma sociedade impulsionada pela riqueza advinda do plantio do Theobroma Cacao em suas terras. 

  Em Redentor, Talassa e Aletheia embarcam em uma das cápsulas do Hyperloop do SFLM (Sistema Ferroviário de Levitação Magnética) para, numa velocidade de 1.200 quilômetros por hora, em cerca de uma hora e trinta minutos estarem desembarcando em Alécia. 

  Já em Alécia, se dirigem à região central para se encontrarem com Abnara, um amigo de longa data que não viam há anos. 

 Acomodados nas confortáveis cadeiras dispostas no entorno de uma das mesas do mais tradicional bar e restaurante de Alécia - que ainda mantém o nome de Vesúvio, dado por seu fundador -, o trio de amigos beberica em cálices um coquetel não alcoólico feito com polpa de cacau e degusta pratos feitos com especiarias de origem vegetal, típicas da região. 

  De repente, Talassa chama a atenção dos dois para o antigo templo existente nas proximidades do Vesúvio: 

 - Vejam! Não faz muitos anos que as pessoas se amontoavam em templos como aquele com a finalidade de entrarem em comunicação com a Fonte Criadora! – Talassa exclama e continua... - Muitas pessoas eram condicionadas a isso desde a infância por orientação familiar; outras os procuravam no desiderato de buscarem o reparo dos erros e aliviarem os sofrimentos frente aos desregramentos e desafios vivenciais. 

  O estabelecimento que Talassa se refere e aponta é a antiga catedral de San Sebastián, que ali em Alécia está muito bem preservada e materializando a história de um passado não muito distante. 

  - É Talassa, ainda bem que a humanidade terrena evoluiu! A transição planetária ocorrida nas últimas décadas foi fundamental para que as pessoas compreendessem melhor o sentido da vida e as leis que a regem – pondera Abnara. 

  - Sim, Abnara, nesses locais bem como em outros das mais diversas denominações religiosas daquela época – apesar da insipiência de seus líderes -, as pessoas compareciam carregadas de boa-fé – disse Aletheia. 

 - Apesar dos equívocos de todas essas religiões elas tinham sua importância, na medida em que faziam as pessoas crerem na vida após a morte e na existência de um Ser Superior, que a tudo controla e vê. E isso, de certa forma, amenizava o descalabro que teria sido provocado pelo sentimento materialista reinante naquela época. A fé no porvir após o desprendimento carnal, atuava como uma espécie de freio aos devaneios das almas – interveio Talassa. 

  - É verdade Talassa! Imagine como seria o mundo se todos os homens julgassem que após a morte tudo acaba!? – exclama Aletheia. 

 - Então, apesar dos erros de interpretação das antigas Escrituras e do próprio Evangelho do Homem da Judéia, essas religiões possuíam uma boa utilidade naquela época, certo? – inquire Abnara. 

 - Sim! O que não quer dizer que os chamados “falsos profetas” não tenham assumido seus débitos perante as Leis Divinas em razão do mal uso das Verdades e dos nomes da Divindade e do Homem da Judéia no intento de angariar poder e riqueza! – responde Talassa. 

 - Mas, esses também não estão mais aqui... na Terra. O que foi um dia anunciado se cumpriu, com os seus degredos em um orbe muito distante e cheio de adversidades para a vida orgânica, como é o que se sabe a respeito da “Morada do Joio”; quando se lê 
nos anais históricos disponíveis nas “nuvens” e nas orientações que nos chegam por meio dos amigos astrais do Mundo Maior. Pelo que dizem, Absinto é um lugar muito pior do que a Terra no período primitivo que antecedeu ao das provas e expiações – conclui Aletheia. 

 - Isso mesmo! E, hoje, a humanidade terrena é outra. As infalíveis Leis Divinas Universais realizaram com muita justeza a separação do joio e do trigo; aqui permanecendo os brandos e pacíficos e exilando em outros orbes os propagadores do desamor e das torpezas humanas de outrora. E assim sendo, encontram-se atualmente na crosta do planeta Terra - e mesmo nas dimensões espirituais próximas - os denominados “eleitos”; no linguajar antigo – afirma Abnara. 

  - Com isso, os templos e as reuniões denominadas religiosas são desnecessários, uma vez que cada um dos que aqui estão, vive em plena e constante sintonia com a Consciência Universal, tanto por pensamentos quanto pelos atos que praticam – conclui Talassa. 

  - É como se cada homem e cada mulher fosse um templo, uma igreja, como eram chamados esses lugares no passado – diz Aletheia. 

  - E, o que é mais importante! Essa ligação dos homens com a Inteligência Suprema não tem nome; não se denomina religião. É um estado natural da vibração magnética que está presente em todos. Inclusive naqueles que passam períodos nas dimensões da espiritualidade – explica Abnara. 

  - Até porque, apesar do maior número de anos que agora cada espírito permanece na vida carnal em decorrência da maior pureza dos corpos astrais e dos avanços das Ciências, o processo “nascimento-crescimento-e-morte” segue seu curso natural. É parte da Lei e serve para que todos os que habitam o planeta Terra nessa nova fase regenerativa, possam vivenciar a vida material sem as vicissitudes e os enredamentos no cipoal de paixões do passado. 

  O diálogo entre esses caridosos amigos que vivem em 2101 nos dá a dimensão exata de como será a vida futura neste orbe terreno, que hoje está prestes a concluir mais uma transição. 

 Depois dos comes e bebes e do compartilhamento de conhecimentos e impressões na companhia do querido amigo, Talassa e Aletheia se despedem de Abnara e vão passear pela belíssima orla litorânea de Alécia. 
    “É hora de matar as saudades do lugar” – pensam juntos.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

2101 - O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO - Capítulo II

 


2101 – O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO

 

Capítulo II – No Estacionamento do Shopping

 

A manhã estava com céu claro e temperatura amena. Por sinal, o calorão infernal que fazia na primeira metade do século passado não era comum naqueles tempos do ano de 2101. O planeta havia se recuperado de todas as agressões sofridas em anos idos pelas ações antrópicas, incluindo as guerras com armas nucleares, que quase tornaram a metade ocidental do velho continente inabitável.

 

Em decorrência do avassalador estrago ambiental causado pelas guerras, muitas pessoas haviam migrado para as regiões mais preservadas e habitáveis do chamado Cone Sul das Américas, entre estas estava a província de Soter, onde viviam Talassa e Aletheia; integrando uma sociedade altamente espiritualizada e que servia de exemplo para o resto do mundo.

 

Nesse belo dia, Talassa e Aletheia, em um moderno veículo movido a hidrogênio, ingressaram num amplo estacionamento do Shopping Center Fast Store. Enquanto paravam o veículo numa vaga preferencial – Aletheia tinha mais de 60 anos – outros veículos aéreos pousavam sobre a parte alta do estabelecimento. Esses veículos aéreos ainda eram poucos e todos movidos a energia diretamente processada do fluído cósmico.

 

Ao parar o veículo na vaga escolhida, Aletheia olha para Talassa e comenta:

- Você sabia que nos e-books antigos encontrados na Internet está escrito que as pessoas com direito a essas vagas tinham que se cadastrar em um órgão público e portar um cartão específico para o estacionamento?

- Sim, Aletheia! – respondeu Talassa. E Talassa continuou... – Isso acontecia porque pessoas que não se enquadravam no direito, de forma irresponsável e dominadas pelo egoísmo, colocavam seus veículos nessas vagas.

- Inacreditável! – disse Aletheia.

- Felizmente, hoje vivemos em um mundo diferente! Há registros de que muitas pessoas que detinham essa prerrogativa mas não possuíam o cartão deixavam de estacionar seus veículos nessas vagas, a fim de evitarem multas.

- Sim! Isso é mais inacreditável ainda! Ora, se alguém não tem direito à vaga, por que colocava o carro nela? Nem seria necessário ter o cartão! Quem estivesse com o carro estacionado era o detentor do direito!

- Pois é Aletheia, eram tempos difíceis aqueles. Ainda bem que hoje vivemos num mundo diferente e só tomamos conhecimento dessas coisas pelas notícias do passado que estão registradas nas “nuvens” da Web!

- E a separação realizada pela transição planetária foi determinante para que tudo isso acontecesse, não é!?

- Sim! – afirmou Talassa.

- Fico aqui imaginando se depois de tão poucos anos do final do exílio planetário, os recalcitrantes que foram para Absinto já fazem uso de automóveis por lá.

- Acho que não! Chegaram em um lugar muito primitivo onde, apesar do conhecimento adquirido no planeta Terra, levarão muitos anos para atingir o patamar científico que aqui vivenciaram nas últimas vidas do século passado.

- É aí onde se vê a verdadeira Justiça imposta pelas Leis da Fonte Criadora!

- Isso mesmo! Mas, não estão abandonados! Como afirmou o Homem da Judéia: “Nenhuma das minhas ovelhas se perderá!” Estão em Absinto com a mesma sensação vivida por nós; quando deixamos Capela para renascermos neste planeta - ainda primitivo também -, há muitos milênios. Naquela ocasião, tínhamos a sensação de termos perdido um Paraíso!

- Dentro de mais algumas centenas ou milhares de anos, a depender do aproveitamento do tempo passado nesse lugar de sofrimento e ranger de dentes, poderão retornar à Terra: o, então, Paraíso Perdido!

- Sim, certamente! – disse Talassa finalizando a conversa.

Talassa e aletheia ingressaram no shopping e foram às compras. Já estavam chateados de tanto comprar em lojas virtuais. Nada como entrar em uma loja física, pegar no produto e coisas do gênero.   

2101 - O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO - Capítulo I

 


2101 – O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO

 

Capítulo I – Na Praça da Liberdade

 

O dia amanheceu esplendoroso! Entre raras nuvens, o Astro Rei brindava os habitantes de Soter com seus raios vivificantes, o que tornava o ambiente ao ar livre agradável e acolhedor.

O ano é 2101 e o dia é 8 de janeiro...

Na Praça da Liberdade de Soter, um grande número de pessoas se amontoava em efusivas comemorações.

Os inseparáveis Aletheia e Talassa transitam por ali.

- São as comemorações anuais! – diz Aletheia.

- Sim! Não se pode esquecer dessa data! – responde Talassa.

- Ainda que em 2101 o mundo seja bem diferente daquele em que os fatos aconteceram! – assentiu Aletheia.

- É verdade Aletheia! A humanidade vive um outro momento. O nível evolutivo estimula as pessoas a entrarem em sintonia com Inteligência Universal para pedirem pelos que foram degredados, em virtude das injustiças praticadas no passado. A grande distância de Absinto da Terra não impede que suas rogativas ao Criador atuem em prol daqueles que, com seus rompantes de insanidade e pouca compreensão da vida, fizeram de mal.

- Pera aí Talassa! Também não precisa fazer discurso, né!?

- Há, há, há... – Talassa ri e continua - Mas, eu preciso continuar falando Aletheia! As pessoas que estão lá na dimensão do passado e lendo este livro precisam estar bem informadas para que não cometam os mesmos erros! Todos aqueles que foram injustamente presos nos calabouços de Planalto já estão de volta à vida material na Terra e aqui em 2101 e desfrutando do grande momento que se estabeleceu depois da grande transição planetária. Enquanto isso, os seus algozes pranteiam em lágrimas e rangem os dentes no desiderato de se redimirem dos erros.

- E observe que entre os exilados da Terra não estão somente juízes, políticos e empresários! Nas agruras de Absinto, esses convivem com outros irmãos nossos que também desperdiçaram suas vidas na Terra por terem enveredado no caminho do tráfico, no consumo de drogas e na sensualidade exagerada – considerou Aletheia.

- E também praticaram assaltos e outros crimes hediondos e contrários às Leis Universais – completou Talassa, de forma bem didática.

- É, minha querida Talassa... A exemplo do nosso amigo Anésio, as pessoas se esqueceram das orientações recebidas dos avatares que habitaram o orbe terreno ao longo dos anos! Em especial, do maior de todos, nascido na Judéia!

- Sim! E, depois de tanto tempo e de tantas orientações de mais de dois mil anos, ainda precisam estar purgando pelos erros cometidos!

- Ainda bem que os tempos são outros! – disse Aletheia.

- Sim, meu amigo! Em Soter e nas demais províncias da Terra só tem lugar nesse momento para os mansos e pacíficos!