sexta-feira, 17 de junho de 2011

IGNORE O CANTO DA MULTIDÃO E MARCHE AO SOM DE SUA PRÓPRIA MELODIA

Ia pelo calçadão no centro de Alécia, quando escutei uma voz: "Alethea!"  Aquele timbre me era bastante familiar, mas de imediato, não consegui ligá-lo a nenhuma pessoa.  Voltei-me e vi, a pouca distância, o amigo Agabo, com o qual não tinha contato há um bom tempo.

Caminhamos, um na direção do outro, e trocamos um forte abraço.  

- Há quanto tempo!  -  Disse Agabo.

- Olá, cara!  Faz muito tempo mesmo que não nos vemos!  Tá lembrado da nossa última conversa!  Até publiquei no Blog "O Aríete"!?

- É!  Faz muito tempo mesmo!

- E aí, continuas com teus equívocos!? Caminhando e levando todos que te seguem para lugares incertos? -  Indaguei.

- Que nada Alethea!  A vida tem me ensinado...

- O quê!?  Não me diga!?  Ensinado o que, por exemplo?

- Ah!  Sabe aquela coisa de ficar dando muito valor ao alheio, ao que não te pertence?  Não é da região onde você nasceu?

- Sei!  -  Respondi, curioso.

-  Pois é, velho!  Eu agora deixei de lado aquele hábito de seguir o canto da multidão e aprendi a marchar ao som da minha própria melodia!  -  Agabo pronunciou essa frase poética cheio de orgulho.

-  Não me diga!  E aí!  -  Incentivei-o a continuar.

- E aí, que eu deixei de fazer as coisas por imitação... sá cumé qui é, né!?

- Sei claro!  Um certo dia, eu mesmo te aconselhei nesse sentido, lembra?

-  Lembro sim!  Não cantar a mesma música... naão pintar o mesmo quadro... não passar pelo mesmo caminho... não imitar os outros... não torcer por um time de futebol que nunca viu jogar num estádio... Foi isso que você um dia me aconselhou, lembra!?.

-  Humm!!!  Tô lembrado! Só que aqui em Alécia quase nada mudou.  O que que mais se vê é gente que se deixa levar pela influência da mídia...

-  Pois é, cara...  Estou deveras mudado!

-  Mas, como foi isso... assim tão de repente!?

-  Velho... eu comecei a pensar...  Pensei nos grandes realizadores de todos os tempos: será que eles imitaram alguém?  Será que eles tentaram repetir o que já havia sido feito?  O Thomas, da lâmpada... o Sabin, da vacina... o Leonardo... e tantos outros! E os lugares que já alcançaram um elevado nível de desenvovimento? seguiram uma receita ditada por outros? ou criaram sua própria receita? 

-  Então, você rompeu com aquela mesmice que é marca registrada do povo de Alécia e, praticamente, de quase todo nordestino?

-  Foi!  E cheguei à conclusão de que o estágio de subdesenvolvimento em que nos encontramos se deve a isso...

-  Isso, o quê!?

- Ao fato de darmos valor ao alheio em detrimento do que é nosso!

-  Ah! Então você aprendeu is...

-  Sim, aprendi!  -  Interrompeu Agabo, ansioso por continuar falando.  -  Inclusive, deixei de torcer pr'aquele time do Rio... Só pr'aquele não, não torço pra nenhum time de fora!  Só torço para times da Bahia! Os de fora, só quando estão representando o Brasil, como o Santos, agora, na Libertadores!

-  Que mudança, hein cara!  -  Elogiei.

- É... Descobri duas coisas...

- E quais são?  -  Perguntei.

-  Primeiro, que estava me comportando como um bobão e fazendo parte da "Vergonha do Nordeste".  Depois, comprendi que...

O homem que sabe ler e não lê, tem pouca vantagem sobre um analfabeto!

Abnara
- Pô, velho...  Você até parece um filósofo!  Acho bom até mudar de nome!  Que tal mudar para Abnara, "A Luz da Sabedoria"!?

- Tá brincando, Alethea!

Saímos dali e fomos beber uma água de coco, num quiosque próximo.

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