Fazia uma bela noite em Alécia. O calor era intenso e qualquer fiapo de brisa seria muito bem-vindo naquela praça do Pontal. A lua, sorridente, abraçava a todos com seus raios de luz.
Ágabo chega e senta-se em volta de uma das mesas. Logo depois, seu amigo Aristides faz o mesmo. À frente dos dois, num "trailer" esfumacento, gente se desdobra, nas chapas quentes e engorduradas, para atender aos pedidos com a maior brevidade.
Chega um rapaz, travestido de garçon, ao qual Ágabo solicita o Menu.
- O quê? "Meni"? - surpreende-se o rapaz.
- É! Mas, se não tiver "meni" pode trazer o cardápio mesmo! - diz Ágabo.
Enquanto isso, Aristides só observa.
Já de cardápio nas mãos, Ágabo esbraveja.
- Mas, que diabos de tanto "Xis"!
- O que foi Ágabo? - interroga Aristides.
- Dê uma olhada... - e foi passando o cardápio. - Olha Aristides, quase todos os sanduíches começam com a letra "X"!
- Ahn... é verdade. - Aristides concorda com o amigo.
- Já leu? Tem diversos "espécimes" de sanduíches cara! "X-Egg", "X-Bacon", "X-Tudo", e por aí vai...
- Sim, e daí? - pergunta Aristides.
- Logo você cara!? Alguém que eu tenho na conta dos intelectuais... Você, "O Brilhante e Astuto", me fazendo uma pergunta dessas depois de ter lido essas baboseiras!?
- Calma velho!
- Onde você já viu se escrever queijo com Xis!? - pergunta Ágabo. - E ainda dizem que "O Incerto" sou eu! - completou, demonstrando irritação.
- Ah... entendi...
- Aaahhh! Já percebeu? E antes que você me diga: "É queijo em inglês, seu burro!", eu vou dizendo que queijo em inglês é com "C" e não com "X". Escreve-se "Cheese", cuja pronúncia correta é "tchiiz" e não "Xis".
- Tá bom! Não precisa fazer discurso! Nós viemos aqui pra quê?
- Pra comer, né!?
Mal Ágabo havia respondido, chega o garçon pra entregar os pedidos.
- O "Xi-Jégue" é de quem?
Ágabo olhou pra Aristides, que também olhou pra Ágabo. E os dois deram uma sonora gargalhada.
- Tá vendo... - foi dizendo Ágabo. - Queijo virou "Xi" e ovo virou "Jegue".
Saíram dali comentando sobre a fertilidade da imaginação dos brasileiros em criar novos verbetes. Não demora muito, o Ximenes ou o Aurélio incluem essas baboseiras nos seus dicionários com os significados estapafúrdios que as pessoas querem dar a elas, concluíram.
Autor: Souza Neto (26/02/2011).
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