Vivíamos tempos muito difíceis nos anos 70. O Ato Institucional Nº5 ou AI-5, quinto decreto emitido pelo regime militar estava em pleno curso. Nossos melhores compositores e intérpretes nacionais estavam censurados ou no exílio. A música que tocava nas rádios da época era alienação total. Isso abriu espaço para que em meados dessa década surgisse a epidemia da "discoteca", música estrangeira que era curtida pelos "mauricinhos" e "patricinhas" da época. Minha geração já exercitava a criticidade. Queríamos coisas diferentes, queríamos protestar por meio da música. Chico não podia tocar "Apesar de você, amanhã há de ser outro dia / você vai se dar mal...", Caetano (pasmem, o cara também protestou), também não podia ser ouvido com sua "Alegria, alegria" ou cantando "Sobre a cabeça os aviões, sobre os meus pés os caminhões...", da extraordinária Tropicália. Geraldo Vandré foi mandado embora pras cucuia por conta de "Pra não dizer que não falei de flores".
Bem... a gente tinha que fugir daquele lugar comum entediante, daquela mesmice de sempre. Eis que surge no Brasil o lançamento das música da banda de Rock and Roll Pink Floyd. Som de qualidade inimaginável para a época, efeitos especiais interessantes... Começamos a traduzir o que os caras queriam transmitir em suas mensagens musicais... Não deu outra. Ficamos fissurados no Pink Floyd e os escolhemos como alternativa para dizer tudo que a gente tinha vontade.
O mundo inteiro era um imenso campo de batalha, norte-americanos tentando manipular as nações (como hoje ainda acontece), guerras, a América Latina, muito especialmente, era um campo minado com suas ditaduras militares apoiadas pelos Estados Unidos. E aí surgem letras como essa de "The Dogs of War" (assista o vídeo acima).
Aquela geração não teve escolha... Além da espetacular performance da banda, havia a motivação política contida nas composições.
Aquela geração não teve escolha... Além da espetacular performance da banda, havia a motivação política contida nas composições.
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