segunda-feira, 24 de julho de 2023

2101 - O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO - Capítulo II

 


2101 – O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO

 

Capítulo II – No Estacionamento do Shopping

 

A manhã estava com céu claro e temperatura amena. Por sinal, o calorão infernal que fazia na primeira metade do século passado não era comum naqueles tempos do ano de 2101. O planeta havia se recuperado de todas as agressões sofridas em anos idos pelas ações antrópicas, incluindo as guerras com armas nucleares, que quase tornaram a metade ocidental do velho continente inabitável.

 

Em decorrência do avassalador estrago ambiental causado pelas guerras, muitas pessoas haviam migrado para as regiões mais preservadas e habitáveis do chamado Cone Sul das Américas, entre estas estava a província de Soter, onde viviam Talassa e Aletheia; integrando uma sociedade altamente espiritualizada e que servia de exemplo para o resto do mundo.

 

Nesse belo dia, Talassa e Aletheia, em um moderno veículo movido a hidrogênio, ingressaram num amplo estacionamento do Shopping Center Fast Store. Enquanto paravam o veículo numa vaga preferencial – Aletheia tinha mais de 60 anos – outros veículos aéreos pousavam sobre a parte alta do estabelecimento. Esses veículos aéreos ainda eram poucos e todos movidos a energia diretamente processada do fluído cósmico.

 

Ao parar o veículo na vaga escolhida, Aletheia olha para Talassa e comenta:

- Você sabia que nos e-books antigos encontrados na Internet está escrito que as pessoas com direito a essas vagas tinham que se cadastrar em um órgão público e portar um cartão específico para o estacionamento?

- Sim, Aletheia! – respondeu Talassa. E Talassa continuou... – Isso acontecia porque pessoas que não se enquadravam no direito, de forma irresponsável e dominadas pelo egoísmo, colocavam seus veículos nessas vagas.

- Inacreditável! – disse Aletheia.

- Felizmente, hoje vivemos em um mundo diferente! Há registros de que muitas pessoas que detinham essa prerrogativa mas não possuíam o cartão deixavam de estacionar seus veículos nessas vagas, a fim de evitarem multas.

- Sim! Isso é mais inacreditável ainda! Ora, se alguém não tem direito à vaga, por que colocava o carro nela? Nem seria necessário ter o cartão! Quem estivesse com o carro estacionado era o detentor do direito!

- Pois é Aletheia, eram tempos difíceis aqueles. Ainda bem que hoje vivemos num mundo diferente e só tomamos conhecimento dessas coisas pelas notícias do passado que estão registradas nas “nuvens” da Web!

- E a separação realizada pela transição planetária foi determinante para que tudo isso acontecesse, não é!?

- Sim! – afirmou Talassa.

- Fico aqui imaginando se depois de tão poucos anos do final do exílio planetário, os recalcitrantes que foram para Absinto já fazem uso de automóveis por lá.

- Acho que não! Chegaram em um lugar muito primitivo onde, apesar do conhecimento adquirido no planeta Terra, levarão muitos anos para atingir o patamar científico que aqui vivenciaram nas últimas vidas do século passado.

- É aí onde se vê a verdadeira Justiça imposta pelas Leis da Fonte Criadora!

- Isso mesmo! Mas, não estão abandonados! Como afirmou o Homem da Judéia: “Nenhuma das minhas ovelhas se perderá!” Estão em Absinto com a mesma sensação vivida por nós; quando deixamos Capela para renascermos neste planeta - ainda primitivo também -, há muitos milênios. Naquela ocasião, tínhamos a sensação de termos perdido um Paraíso!

- Dentro de mais algumas centenas ou milhares de anos, a depender do aproveitamento do tempo passado nesse lugar de sofrimento e ranger de dentes, poderão retornar à Terra: o, então, Paraíso Perdido!

- Sim, certamente! – disse Talassa finalizando a conversa.

Talassa e aletheia ingressaram no shopping e foram às compras. Já estavam chateados de tanto comprar em lojas virtuais. Nada como entrar em uma loja física, pegar no produto e coisas do gênero.   

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