quarta-feira, 26 de julho de 2023

2101 - O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO

2101 – O LIVRO QUE AINDA NÃO FOI ESCRITO 


Capítulo III – Visitando Alécia 


  Naquele fim de semana, Talassa e Aletheia realizam uma viagem que, há muito, havia sido programada. Uma rápida visita a Alécia, histórica e charmosa cidade do interior de uma das províncias de Soter. Em meados do século 20, Alécia ficou mundialmente conhecida por meio dos contos de um grande escritor da região, nascido na cidade vizinha de Tabocas. Em seus livros, o notável escritor narrava a saga de uma sociedade impulsionada pela riqueza advinda do plantio do Theobroma Cacao em suas terras. 

  Em Redentor, Talassa e Aletheia embarcam em uma das cápsulas do Hyperloop do SFLM (Sistema Ferroviário de Levitação Magnética) para, numa velocidade de 1.200 quilômetros por hora, em cerca de uma hora e trinta minutos estarem desembarcando em Alécia. 

  Já em Alécia, se dirigem à região central para se encontrarem com Abnara, um amigo de longa data que não viam há anos. 

 Acomodados nas confortáveis cadeiras dispostas no entorno de uma das mesas do mais tradicional bar e restaurante de Alécia - que ainda mantém o nome de Vesúvio, dado por seu fundador -, o trio de amigos beberica em cálices um coquetel não alcoólico feito com polpa de cacau e degusta pratos feitos com especiarias de origem vegetal, típicas da região. 

  De repente, Talassa chama a atenção dos dois para o antigo templo existente nas proximidades do Vesúvio: 

 - Vejam! Não faz muitos anos que as pessoas se amontoavam em templos como aquele com a finalidade de entrarem em comunicação com a Fonte Criadora! – Talassa exclama e continua... - Muitas pessoas eram condicionadas a isso desde a infância por orientação familiar; outras os procuravam no desiderato de buscarem o reparo dos erros e aliviarem os sofrimentos frente aos desregramentos e desafios vivenciais. 

  O estabelecimento que Talassa se refere e aponta é a antiga catedral de San Sebastián, que ali em Alécia está muito bem preservada e materializando a história de um passado não muito distante. 

  - É Talassa, ainda bem que a humanidade terrena evoluiu! A transição planetária ocorrida nas últimas décadas foi fundamental para que as pessoas compreendessem melhor o sentido da vida e as leis que a regem – pondera Abnara. 

  - Sim, Abnara, nesses locais bem como em outros das mais diversas denominações religiosas daquela época – apesar da insipiência de seus líderes -, as pessoas compareciam carregadas de boa-fé – disse Aletheia. 

 - Apesar dos equívocos de todas essas religiões elas tinham sua importância, na medida em que faziam as pessoas crerem na vida após a morte e na existência de um Ser Superior, que a tudo controla e vê. E isso, de certa forma, amenizava o descalabro que teria sido provocado pelo sentimento materialista reinante naquela época. A fé no porvir após o desprendimento carnal, atuava como uma espécie de freio aos devaneios das almas – interveio Talassa. 

  - É verdade Talassa! Imagine como seria o mundo se todos os homens julgassem que após a morte tudo acaba!? – exclama Aletheia. 

 - Então, apesar dos erros de interpretação das antigas Escrituras e do próprio Evangelho do Homem da Judéia, essas religiões possuíam uma boa utilidade naquela época, certo? – inquire Abnara. 

 - Sim! O que não quer dizer que os chamados “falsos profetas” não tenham assumido seus débitos perante as Leis Divinas em razão do mal uso das Verdades e dos nomes da Divindade e do Homem da Judéia no intento de angariar poder e riqueza! – responde Talassa. 

 - Mas, esses também não estão mais aqui... na Terra. O que foi um dia anunciado se cumpriu, com os seus degredos em um orbe muito distante e cheio de adversidades para a vida orgânica, como é o que se sabe a respeito da “Morada do Joio”; quando se lê 
nos anais históricos disponíveis nas “nuvens” e nas orientações que nos chegam por meio dos amigos astrais do Mundo Maior. Pelo que dizem, Absinto é um lugar muito pior do que a Terra no período primitivo que antecedeu ao das provas e expiações – conclui Aletheia. 

 - Isso mesmo! E, hoje, a humanidade terrena é outra. As infalíveis Leis Divinas Universais realizaram com muita justeza a separação do joio e do trigo; aqui permanecendo os brandos e pacíficos e exilando em outros orbes os propagadores do desamor e das torpezas humanas de outrora. E assim sendo, encontram-se atualmente na crosta do planeta Terra - e mesmo nas dimensões espirituais próximas - os denominados “eleitos”; no linguajar antigo – afirma Abnara. 

  - Com isso, os templos e as reuniões denominadas religiosas são desnecessários, uma vez que cada um dos que aqui estão, vive em plena e constante sintonia com a Consciência Universal, tanto por pensamentos quanto pelos atos que praticam – conclui Talassa. 

  - É como se cada homem e cada mulher fosse um templo, uma igreja, como eram chamados esses lugares no passado – diz Aletheia. 

  - E, o que é mais importante! Essa ligação dos homens com a Inteligência Suprema não tem nome; não se denomina religião. É um estado natural da vibração magnética que está presente em todos. Inclusive naqueles que passam períodos nas dimensões da espiritualidade – explica Abnara. 

  - Até porque, apesar do maior número de anos que agora cada espírito permanece na vida carnal em decorrência da maior pureza dos corpos astrais e dos avanços das Ciências, o processo “nascimento-crescimento-e-morte” segue seu curso natural. É parte da Lei e serve para que todos os que habitam o planeta Terra nessa nova fase regenerativa, possam vivenciar a vida material sem as vicissitudes e os enredamentos no cipoal de paixões do passado. 

  O diálogo entre esses caridosos amigos que vivem em 2101 nos dá a dimensão exata de como será a vida futura neste orbe terreno, que hoje está prestes a concluir mais uma transição. 

 Depois dos comes e bebes e do compartilhamento de conhecimentos e impressões na companhia do querido amigo, Talassa e Aletheia se despedem de Abnara e vão passear pela belíssima orla litorânea de Alécia. 
    “É hora de matar as saudades do lugar” – pensam juntos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, não serão publicados comentários que firam a lei e a ética.