quinta-feira, 19 de maio de 2011

POETAS E POETAS

Escritor e poeta
Faces de uma mesma moeda:
Todo poeta é escritor,
Nem todo escritor é poeta!


Pouco importando o estilo, a estética, o poeta vive da imaginação, do sonho. Ele emprega a linguagem humana pra exprimir o que vê na forma que sente; e o que não vê, do modo que deveria ser, numa perspectiva ideal.  

Muitos são os estilos literários influenciados pelas diversas escolas que marcaram e marcam época na literatura brasileira. Há, por isso, poetas e poetas...

A visão diversa da mesma coisa é a linha tênue que os separa. Houve poetas que também foram poetas... Pareço equivocado e confuso nessa forma de expressar meu pensamento, mas é intencional. Castro Alves é um desses casos. Mas, ele foi ímpar. Ao invés da visão ufanista e idealizada da pátria, como era comum em sua época, Castro Alves preferiu retratar, numa abordagem crítica e realista, o lado feio dos fatos que o rodeavam: ignorância, opressão, escravidão.

Foi um épico-dramático! Um dos maiores da Literatura Brasileira. Dava, com isso, uma demonstração de maturidade quando comparado com a quase que ingenuidade daqueles que o antecederam; tendentes ao nacionalismo e à idealização amorosa.  Apesar disso, talvez em razão da intensa - e curta  -  vida amorosa, o poeta de Curralinho, também campeou pelo lirismo.

Entre esses artífices das letras dos mais variados matizes, uma palavra junta, une, converge: arte.  Outro aspecto que os torna semelhantes é o uso da palavra como matéria-prima.  Com o direito de manipular esse material, como se fosse um bloco de pedra insosso e informe, reclamando ser esculpido e transformado em obra de arte.

Os épicos-dramáticos, artistas libertários, políticos, realistas, idealistas, tentam representar com letras as coisas como são e apresentam ensaios de como poderiam e deveriam ser, em novas e melhores condições.  

Os líricos, sonham, viajam, nas asas da ilusão.  Preocupam-se demasiadamente com as próprias sensações; são isolados e absortos nos estados da alma. 

Os épicos-dramáticos mostram-se desnudos, cruentos, comoventes... sem espaços para a fantasia. Narram a vida, suas mazelas, propondo jeito e solução. Para eles vida continua..., é contínua... e os problemas também. 

Os líricos, diferentemente, retratam a vida recortada, em pedaços... como se esta não tivesse continuidade, fosse estanque.  Costumam ater-se a momentos, instantes...

Reconheço que existem e até tenho outras preferências por poetas brasileiros, mas, para mim, ninguém se compara a Castro Alves, em se tratando de criticidade e realismo por intermédio da poesia. Castro Alves retrata e denuncia um estado político e social degradante a que seres humanos estavam submetidos. 

Sobretudo, é preciso levar em conta a época obtusa em que viveu, para considerá-lo um pioneiro no uso da linguagem poética como forma de combater os equívocos de uma sociedade eivada de injustiças.


Se talento tivesse para ser poeta, sem dúvida, enveredaria pela senda aberta por Castro Alves!

Souza Neto

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