"Nos momentos de calmaria, tantas coisas acontecem... Na calmaria, somos pegos de surpresa e o inimigo nos passa uma rasteira."
POR ISSO, É SEMPRE BOM RELEMBAR:
WWF quer “decapitar” ferrovia Oeste-Leste
No domingo 25 de abril, um grupo de ONGs capitaneadas pelo WWF promoveu um “abraço simbólico” em torno da Lagoa Encantada, em Ilhéus (BA), para protestar contra a criação de um porto privado da empresa Bahia Mineração na Ponta do Tulha, no mesmo município. A alegação dos “verdes” é a de que o empreendimento prevê o desmatamento de uma área de Mata Atlântica preservada equivalente a meio Parque do Ibirapuera, em São Paulo (SP), e que espécies endêmicas, como o macaco-prego-do-peito-amarelo, estariam ameaçadas de extinção (O Estado de S. Paulo, 26/04/2010).Argumento frágil
Um dos argumentos utilizados pelo WWF como justificativa contra o empreendimento é que o Brasil, como signatário da Convenção sobre a Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas (ONU) e da ICRI – International Coral Reef Initiative (Iniciativa Internacional dos Recifes de Coral), firmou compromissos no âmbito internacional para a proteção e conservação da biodiversidade e que, além disso, a ONU declarou o ano de 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade, ano em que o Brasil se comprometeu oficialmente em eliminar o desmatamento na Mata Atlântica.
A verdadeira intenção do WWF
Dias antes do manifesto das ONGs, o Ministério Público Federal em Ilhéus (BA) já havia ajuizado uma ação civil pública pedindo a suspensão da audiência pública convocada pelo Ibama com vistas ao processo de licenciamento ambiental do empreendimento (Ecodebate, 14/04/2010).
Ora, porque será que o poderoso WWF se abalaria para organizar um protesto desses, para impedir o desmatamento de “meio Ibirapuera” – cerca de 80 hectares – por causa da construção de um porto privado em Ilhéus?
O que se pretende, de fato, é impedir a implantação do Complexo Portuário projetado para Ilhéus – o chamado Porto Sul – que será a “cabeça” da estratégica ferrovia Oeste-Leste e sua continuação até Vilhena (RO), o que poderia viabilizar o projeto da ferrovia Transulamericana, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico (Puerto Bayóvar, Peru), idealizado pelo engenheiro Vasco Azevedo Neto, professor Emérito da Universidade Federal da Bahia.
Mas a ferrovia Oeste-Leste…
Em uma primeira fase, a ferrovia Oeste-Leste (EF-334) ligará Ilhéus a Figueirópolis (TO), entroncando com a ferrovia Norte-Sul (EF-151), e daí entronca com a EF-246, ligando Uruaçu (GO) a Vilhena (RO), totalizando cerca de 3,1 mil quilômetros de novas ferrovias. Recorde-se que, em 2008, a Câmara de Deputados aprovou a Medida Provisória 427, que promoveu uma verdadeira revolução no sistema ferroviário brasileiro e no próprio Plano Nacional de Viação (PNV), com a inclusão de novas ferrovias e a alteração e ampliação do traçado de outras já existentes ou em projeto. Ressalte-se que uma das mudanças introduzidas na MP foi a que denomina a EF-246 (Uruaçu-Vilhena) como Transcontinental Brasil-Peru (Alerta Científico e Ambiental, 27/02/2009).
…será mesmo construída.
Em março passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador baiano Jaques Wagner lançaram o edital de licitação para construção da Oeste-Leste (cerca de 1.400 km), um investimento de R$ 6 bilhões. A previsão é de que a primeira etapa da construção da ferrovia esteja concluída no primeiro semestre de 2011, a segunda no primeiro semestre de 2012 e toda a ferrovia até o final de 2012 (Valor Econômico, 22/03/2010).
Resumindo, o WWF está arregimentando ONGs satélites para formar uma “coalizão” similar à que montou em meados da década de 1990, a chamada Coalizão a Rios Vivos, para impedir a implantação da hidrovia Paraguai-Paraná, cujo projeto completo prevê a interligação das bacias Prata-Amazonas-Orenoco – a Grande Hidrovia, com 10 mil quilômetros de extensão, ligando pelo interior, o Caribe ao estuário do Prata. No caso atual, o objetivo estratégico do “Estado-Maior” ambientalista é “decapitar” a ferrovia Oeste-Leste, para bloquear este crucial vetor de interiorização do desenvolvimento brasileiro, mas também desencorajar qualquer pretensão para se concretizar uma futura ligação ferroviária interoceânica.
Movimento de Solidariedade Íbero-americana
Créditos: este post é matéria apresentada no boletim eletrônico do Movimento de Solidariedade Íbero-americana, Volume II, n° 2, de 29/04/2010. Introduzi subtítulos no texto para facilitar e incentivar a leitura.
Para maiores informações, consultar o site do Movimento de Solidariedade Íbero-americana, em: msia.org.br
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