Apesar da "sutileza",
eles não mudaram!
Nem mudarão!
"É recomendável que medidas sejam tomadas o mais cedo possível para preparar uma entrega clandestina de armas não-fabricadas nos Estados Unidos para serem entregues aos apoiadores de Castello Branco em São Paulo."
"As armas precisam ser entregues antes mesmo de qualquer violência no Brasil, para uso dos militares amigos, contra os militares inimigos, se necessário!"
"A fim de disfarçar o envolvimento dos Estados Unidos, sugiro que as armas sejam entregues por um submarino sem marcas e descarregadas à noite em praias isoladas ao sul de Santos, no estado de São Paulo."
"A CIA tem feito o possível para encorajar o sentimento anti-comunista no Congresso, nas forças armadas e em entidades estudantis, religiosas e profissionais."
"Também é desejável o envio de uma força naval para intimidar os partidários de Goulart."
Os textos acima constaram de telegramas do então embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, enviados ao Departamento de Estado de seu país, Casa Branca e a CIA no ano de 64, dias antes do Golpe Militar.
Atendendo a sugestão contida nos telegramas, Lyndon Johnson, enviou ao porto de Santos (SP) e para as imediações do Porto de Vitória (ES), uma frota de navios (Frota do Caribe - um porta-aviões, seis destróieres, quatro petroleiros, navio para transporte de helicópteros, esquadrilhas de aviões. O nome oficial da operação, que (sic) atendia a pedidos de ajuda da embaixada brasileira em Washington, era Brother Sam (Irmão Sam).
Conversa entre o presidente Lyndon Johnson, George Ball, Subsecretário de Estado e Thomas Mann, Secretário Assistente para a América Latina. (No vídeo)
Estava assim iniciado o Golpe Militar de 1° de abril de 1964.
No dia 3 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, manteve o seguinte diálogo com Thomas Mann, um de seus assessores:
- "Thomas Mann: I hope you’re as happy about Brazil as I am.
- Lyndon B. Johnson: I am.
- Thomas Mann: I think that’s the most important thing that’s happened in the hemisphere in three years.
- Lyndon B. Johnson: I hope they give us some credit, instead of hell”.
-
- (Traduação)
"Mann: "Espero que você esteja tão feliz com o Brasil quanto eu."
Lyndon Johnson: "Estou."
Mann: "Creio que é a coisa mais importante que aconteceu no hemisfério [sul] nos [últimos] três anos."
- Lyndon Johnson: "Espero que nos dêem reconhecimento, em vez de nos infernizarem".
Não faltaram (e ainda não faltam) defensores para essa atitude dos EUA. Alguns consideram que as atitudes dos americanos mostraram apenas a preocupação com sua embaixada no Brasil face aos acontecimentos, e que, em nenhum momento os Estados Unidos planejaram ou financiaram um golpe de estado no Brasil. Para esses, o que verdadeiramente estava em jogo era uma guerra particular (guerra fria) entre uma democracia capitalista e duas ditaduras comunistas. Entretanto, esquecem-se de que a "guerra" que sucedeu foi entre nacionais de um mesmo país, com consequências desastrosas para ambos os lados. Além disso, alguns querem limitar a interferência americana no golpe de 64 a apenas este cenário que antecedeu a carnificina que veio depois. O que não é verdadeiro, uma vez que agentes da CIA continuaram a atuar no Brasil.
Não vou entrar no mérito dos erros cometidos pelos nacionais - revolucionários (comunistas) e contra-revolucionários (militares). Não é o propósito desse artigo. O que pretendo é demonstrar que a arrogância imperialista norte-americana continua a mesma, nos dias de hoje.
Depois eu conto como a Igreja Católica, Adhemar de Barros, Carlos Lacerda, Magalhães Pinto e outros, participaram do "processo". Entre os "outros", destaque especial para Olavo de Carvalho, Roberto Marinho e Antonio Carlos Magalhães, então, donos das maiores oligarquias midiáticas no Brasil.
Souza Neto
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