Agasias entra na sala acompanhado de Adrastea. Todos os alunos já estão em seu interior e respondem, em sonoro coro, o boa noite.
Agasias estava ali como convidado. Adrastea, mestre em Sociologia, precisava de seus conhecimentos para melhorar o entendimento dos alunos a respeito de um tema transversal que fora debatido na aula anterior e que não teve um resultado satisfatório: "Gastos públicos em festas populares de cidades turísticas".
Incialmente, Agasias procurou demonstrar como uma cidade turística pode e deve fazer uso de seus recursos naturais, de suas festas e, principalmente, de sua história, visando atrair grande número de visitantes. E foi dizendo que existem cidades no Brasil que sustentam sua economia no consumo dos visitantes. Citou como exemplo a cidade de Natal, onde morou.
O nosso caso aqui são as festas. - Disse Agasias. - Elas constituem um dos vetores que mais atraem as pessoas. Mas, exigem gastos públicos (e em certos casos privados, em parceria) para que sejam atraentes e capazes de trazer visitantes. - Explicou.
No decorrer da apresentação, Agasias tinha combinado que os alunos poderiam solicitar momentos para fazerem intervenções durante sua fala.
O primeiro foi Anésio:
- Professor, não acho que o administrador público deva gastar dinheiro com festas pra gente de fora! Tem tanta coisa precisando na cidade! - Sentenciou Anésio.
- Anésio... - Diz Agasias pacientemente. - Eu não vou discordar de você... mas, vamos usar um raciocínio... Vamos analisar um situação hipotética...
- Vamos, professor! - Concordam todos.
- Imaginemos que uma cidade tem um prefeito muito bonzinho. A cidade dispõe de recursos suficientes e ainda pode obtê-los junto a órgãos do Estado, mediante a apresentação de projetos...
- Mas, ele pode usar esse dinheiro em outras coisas! - Insiste Anésio.
- Não, não pode! Nesse caso não! - Replica Agasias. - É dinheiro com destinação específica. Só pode ser aplicado em eventos culturais ou turísticos, entendeu!?
- Ahn.. sei...
- Pois é, gente! Será que o prefeito pode fazer com que essa grana, ou parte dela, ou até mais do que ela, seja distribuída entre os moradores da cidade?
- Nãããoooo! - Exclama a maioria.
- Poooddeee!!! - Responde Agasias, com irreverência.
- Como professor!? - Os alunos questionam inquietos.
- Simplesmente fazendo festas!
- O quê! Festas!? - Novo burburinho toma conta da sala.
- Calma gente! Vou explicar.
Agasias passa às explicações:
- Vocês estão certos quando afirmam que o prefeito não pode distribuir o dinheiro entre os moradores da cidade. Não pode fazer isso diretamente, mas existem outras maneiras...
- Como!? - Perguntam os alunos ansiosos.
- Uma dessas maneiras é a realização de festas. Observem! Quando as festas são de boa qualidade elas atraem turistas, não!?
- Sim, claro! - respondem todos.
- Pois bem... Quantas pessoas da cidade trabalham e ganham dinheiro nas festas?
- As bandas que vem de fora...! - Anésio e outros foram logo dizendo.
- Tudo bem... elas também ganham, mas não entram na nossa conta. São de fora, lembram!? Vou citar aqui alguns ofícios. - Continua Agasias. - Toda vez que vocês acharem que a pessoa que exerce esse ofício não ganha dinheiro com as festas, vocês podem me interromper.
E Agasias foi citando uma imensa lista:
- Pipoqueiro, baiana do acarajé, taxistas, o homem que vende algodão-doce, os capeteiros...
Agasias não conseguiu terminar. Os alunos começaram, em balbúrdia, a desfiar um interminável novelo de gente que ganhava dinheiro com as festas:
- ...o pessoal que vende latinha no isopor, os donos dos bares, dos restaurantes, das pousadas... de... dos... das...
Os alunos ficaram hesitantes por um tempo e Agasias interveio:
- Vocês estão se esquecendo do comércio varejista, dos barraqueiros, dos donos de embarcações de passeio, dos postos de combustíveis, dos artesãos, dos guias de turismo, dos funcionários dos estabelecimentos... E o que é mais importante, o dinheiro circulando aquece a economia local, gerando novos empregos e melhorando a arrecadação de impostos da própria Prefeitura.
- É professor... o senhor está certo! Eu estava pensando diferente! - Exclamou Anésio.
- Pois é, gente! E nesse caso não importa muito se o valor “gasto” correspondeu ao valor “ganho”. O ideal é que os visitantes tragam e gastem mais do que a cidade investiu... Opa! Vejam o verbo que usei: “investir”. Então, podemos concluir que não foi “gasto”, foi investimento.
E Agasias concluiu sua intervenção em sala dizendo:
- Notaram quanta gente da cidade ganhou dinheiro nessa história? Estão lembrados da pergunta que fiz no começo sobre a distribuição de dinheiro da Prefeitura entre os moradores? Dessa forma, vocês concordam que o prefeito distribuiu o dinheiro ("gasto") entre os moradores? Que os moradores estão vivendo mais felizes? E quanto mais gente vindo e gostando, mais ainda gente virá... Vocês concordam!?
- Conncoorrdamosss! - responderam todos.
Agasias abraçou Adrastea, agradeceu a oportunidade, deu tchau pra turma e saiu. Saiu consciente de que a partir daquele momento os alunos iriam ter uma opinião diferente a respeito de gastos públicos em festas populares.
Autor: Souza Neto (01/03/2011) - A uma semana do Carnaval.
Autor: Souza Neto (01/03/2011) - A uma semana do Carnaval.
NÃO ESQUECENDO DE LEMBRAR QUE A REALIZAÇÃO DE FESTAS NÃO É TUDO! NÃO RESOLVE OS PROBLEMAS DE ALÉCIA, QUE PRECISA DE ADMINISTRADORES COM VISÃO EMPRESARIAL E DE FUTURO!
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