Vinguei da cópula de um já "mestiçado" descendente luso com uma cafuza de rosto arredondado e pele esmaecida.
Nasci sem cor definida. Embora a certidão denuncie "morena", numa referência à cor da pele, prefiro assumir que sou "pardo".
Onde foi? Por pouco, não teria sido numa canoa carregada com sacos de cacau, singrando o Rio Pardo. Deu tempo! Ufa! Imagino ter sido essa a exclamação de alívio da minha mãe, ao aportar antes que as contrações e a dilatação lhe pregassem uma peça!
Após os vagidos normais de quem deixa a vida placentária, olhei em volta... Estava sob uma barcaça de cacau. Eu tinha certeza...!
O odor forte das amêndoas do secador misturado ao do cacau que fermentava nos cochos, invadia aquele ambiente acolhedor e entupia minhas narinas "virgens".
O meu coração...!? Ah! Vermelho, claro!
Nunca o vi..., mas acho que sempre foi vermelho e cheio de sangue!
Formado com os mesmos tecidos que constituem os de brancos, negros, amarelos, vermelhos...
É...! Igualzinho aos dos descendentes da Casa de Windsor!
Ninguém tem "coração branco"... Acho! Até que a Ciência prove o contrário!
Ninguém tem "sangue azul"... ainda bem!
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