segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O VACILO DO SANTOS

Li hoje em um Blog um artigo com o título: 


(Basta clicar no link acima para ler a matéria).

Refere-se ao jogo entre o Santos e o Barcelona e tenta encher a bola dos europeus "cintura-dura".

Discordando da opinião, lá postei o seguinte comentário: 

Não vejo assim… Os caras continuam “cinturas-duras!”. Tudo como dantes!

O Futebol é composto de:

- Treinamento Técnico (melhoria da técnica, que é inata);
- Treinamento Físico;
- Treinamento Tático;
- Treinamento Invisível (regramento dos hábitos de vida dos jogadores fora dos campos, incluindo horas de sono e alimentação); e
- Suporte Psicossocial e Motivacional.

O desempenho Técnico (fator preponderante no jogador brasileiro) é dependente de todos os demais aspectos (físico, invisível, tático, psicossocial e motivacional).

Muito embora a nossa preparação física tenha evoluído muito a partir de Cláudio Pêcego de Moraes Coutinho, Carlos Alberto Parreira e outros, todos oriundos das Escolas de Educação Física do Exército e da Marinha, as maiores diferenças residem (ainda) em dois fatores que se deram em tempos diferentes:

1º) o advento da preparação física a partir dos anos 70, culminando com o que se convencionou chamar “Futebol Força”. Ou seja, a força atlética melhor desenvolvida nos jogadores para compensar a falta de qualidade técnica e facultar o cumprimento rigoroso da função tática;

2º) anos depois, os treinadores europeus inciaram estudos e começaram a aliar a força atlética a uma maneira de jogar que exigia 100% de disciplina tática dos jogadores. Com isso, a Força Física somada a Táticas Robotizadas passaram (como já disse) a amenizar a falta de Qualidade Técnica. Esta última, a deficiência mis marcante do futebol europeu.

Anote-se que a maioria dos clubes do futebol profissional brasileiro (incluindo alguns da 1ª Divisão) não contam com estruturas apropriadas e nem com profissionais gabaritados para o treinamento de atletas de futebol.

No tocante a treinamento, nosso futebol é (também) uma “caixa preta” difícil de ser aberta. Normalmente, treinadores técnicos já chegam nos clubes que os contratam com seus treinadores físicos. Nem sempre os melhores e mais gabaritados. Com isso, quem está dentro (do sistema) não saí e quem está fora não entra. Parece com as academias de letras: a vacância só acontece com a morte do acadêmico!
 
Por outro lado, nossos treinadores táticos ainda estão muito aquém dos seus pares europeus. Basta analisar o “esquema tático” conservador e retrancado montado pelo Muricy para enfrentar o Barcelona. O Muricy, como todo e qualquer brasileiro que viu o Barcelona jogar, deveria saber que não poderia das espaços para o clube espanhol jogar. 

E isso só seria possível atacando; marcando a saída de bola desde o tiro de meta; com jogadores específicos o tempo todo fungando nos cangotes dos melhores do Barcelona, etc. 

O Santos não fez nada disso! E, se não fez, foi porque seu treinador não mandou! Ao contrário, ficava numa de “cerca lourenço” só tentando tomar a bola depois que o adversário a tinha sob domínio. Quando o marcador santista chegava perto, a bola já estava nos pés de outro! E assim foi, durante 90 minutos! Tudo errado!

Enquanto isso não muda (nossos treinadores, preparadores físicos e diretorias dos clubes), somos obrigados a assistir -  pela TV  - as partidas mecanizadas de ingleses, alemães, espanhóis, italianos, franceses e outros. 

Ainda bem que lá também jogam alguns sulamericanos e africanos, que conseguem dar um tom moleque e criativo em algumas jogadas, mesmo seguindo o rigoroso esquema tático que é exigido. 

Somente por causa desses (sulamericanos e africanos), consigo ver alguns minutos daquele futebol chato!

JOSÉ ANTONIO DE SOUZA NETO – Professor de Educação Física Licenciado pela Escola de Educação Física da Marinha – Registro na SEED/MEC-RJ Nº 7.522.

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