Publicado no “O SUL” de Porto Alegre em 19 de agosto de 2010
Autor: Paulo Ricardo da Rocha
Coronel de Infantaria e Estado-Maior
Para o Plano Brasil
Eis que o Conselho de Segurança da ONU, “sensibilizado” pelas razões ecológicas da comunidade internacional e “amparado” na Resolução que instituiu em 2005 a “Responsabilidade de Proteger”, decide apoiar reivindicação por autonomia assentada na “Declaração de Direitos dos Povos Indígenas”, aprovada pela ONU com apoio do Brasil mas, intrigantemente, não assinada pelos EUA. Rufam os tambores, uma esquadra mista (para caracterizar a tão propalada comunidade de nações) potentíssima, porém constituída tão somente (as potências militares não vão deixar por menos) por belonaves do quinteto do “santo conselho humanitário”, zarpa após uma concentração no mar do Caribe rumo ao nosso litoral norte, eixada para a foz do Amazonas.
Precedendo este deslocamento, meios aéreos de última geração são lançados de bases da Colômbia para a execução de bombardeios cirúrgicos nos aquartelamentos sediados em Manaus, sede do comando militar de área, o CMA. Os militares, conscientes que não escaparão desta retaliação preparatória, em princípio, já deverão ter evacuado seus quartéis em demanda de suas bases de combate montadas na selva e distribuídas de forma a, concretizada a ocupação da área coração da Amazônia pelo inimigo, passar ao combate de guerrilha selvagemente sangrento, focado no desgaste do oponente, de longa duração, nos moldes do Vietnam, Iraque e Afeganistão. Este dispositivo, imagina-se, deverá se precaver face ao envolvimento por efetivos de “marines” deslocados, desde a foz do grande rio, em flotilhas de embarcações apropriadas para o transporte de tropas, devidamente escoltadas por velozes e sofisticadas lanchas artilhadas.
Macapá, melhor eixada face à Caiena, é lógico que seja atribuída à força expedicionária francesa da coalizão, que pode investir aquela cidade cerrando meios por terra e/ou mar, lançando o regimento da Legião Estrangeira, já aquartelado e adestrado em sua Guiana de longa data, como vanguarda a cavaleiro da estrada que liga essas capitais. Neste setor, os escassos elementos da MB da FAB, sem nenhuma condição de enfrentamento no mar ou no ar, tenderão a se incorporar aos meios do EB já evacuados para a selva de forma a engajar o inimigo através das escaramuças que norteiam a estratégia da resistência, objetivando transformar o trecho entre a capital do estado e o Oiapoque numa sinistra trilha da morte. Esta parte do butim amazônico deve satisfazer aos gauleses, que dobram praticamente a área do seu potentado ultramarino e incorporam um território rico em manganês, cassiterita, tantalita e ouro, entre outros minerais.
Boa Vista, vinculada por estrada à Georgetown, ficará naturalmente para as forças de Sua Majestade. O combate em Roraima deve ser simplificado para o inimigo na medida em que comandos ingleses, adredemente lançados na Raposa Serra do Sol, podem mobilizar os postulantes de autonomia para se anteciparem, em combate inssurrecional de viés separatista, à ocupação propriamente dita pelas brigadas de infantaria escocesas. A resistência nesta unidade da federação dependerá sobremaneira da articulação de forças subterrâneas e de sustentação que dêem suporte aos elementos da resistência que, reunidos sob comando único, só terão alguma liberdade de atuação se executarem suas ações totalmente descaracterizados. Que não se duvide, só a descomunal reserva, objeto de lobby descarado pelo Príncipe Charles por ocasião da desastrada decisão do STM que “kozovonisou” a região, não vai satisfazer os britânicos. Todo o estado constitui um despojo tentador pelas reservas de cobre, diamante, ferro e nióbio, entre outras.
Ah! Esqueci dos russos e dos chineses: para estes, os três mafiosos integrantes da toda poderosa OTAN deixam o grande estado do Pará e eles que se entendam. E com poder de dissuasão, como seria a luta? Mas, qual o que, quem dissuade simplesmente não luta!
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