Máquina de medir Honestidade |
Final de tarde em Alécia. Encontro o sábio Sófocles aboletado numa daqueles desconfortáveis cadeiras do Bar Vesúvio. Não sei como a estátua do Contador de Estórias consegue permanecer ali tanto tempo!
Cumprimento-o e sento-me.
Conversávamos amenidades, coisas de menor importância, quando chega o amigo e sempre esquecido Anésio.
Anésio dá um outro rumo à nossa conversa. Quer falar de política. Começa dizendo que o candidato fulano ou beltrano pode ser a solução para os desmandos dos últimos tempos em Alécia.
É aí que, com sua extraordinária sabedoria, o Glorioso Sófocles faz a seguinte intervenção:
- Políticos! Um dia poderei acreditar neles! Mas só quando houver uma máquina capaz de medir honestidade!
Anésio, olhando pra ele surpreso, só consegue balbuciar:
- Ma... mas...
- E tem mais! - Prossegue Sófocles - A máquina tem que ser inviolável! Os caras são capazes até de fraudar equipamentos pouco confiáveis!
Achando tudo aquilo um pouco engraçado, digo:
- Sou obrigado a concordar com você Sófocles. Mas... mesmo sem ter a alma de Elpídio, acredito que entre todos que compõem a nossa sociedade, deva existir um - ao menos um - honesto e competente para dirigir os destinos de Alécia. Um de nós, por exemplo!
- Sim, há! Até muito mais que um! Mas estes não somam entre os políticos. Pelo menos entre os atuais conhecidos e partidários. Quanto a nós mesmos, é bom ficarmos de fora!
- E se um desses de que você fala resolver entrar na política e se candidatar? - Pergunta Anésio.
- Olha, Anésio, o cara não vai conseguir se eleger! Será o menos votado entre todos candidatos.
- Mas, por que você pensa assim? - Insiste Anésio.
- Vamos lá! - Prossegue o Glorioso - Esse nosso candidato vai cumprir a legislação eleitoral, não vai?
- Vai!!! - Respondemos em uníssono.
- Bem... O que você acha que acontecerá quando, durante a campanha, um eleitor condicionar o seu voto a um "presentinho", como 200 tijolos, 1 saco de cimento, 1 cesta básica, ou coisa que o valha?
- Ele não vai aceitar! - Responde prontamente Anésio.
- Pois é, por isso ele não será eleito! Vai perder o voto desse eleitor e de todos aqueles que não são honestos.
- Como!? Então você acha que o eleitor que vende seu voto não é honesto!?
- Acho não... Ele é tão desonesto quanto o que compra seu voto!
E Sófocles continua:
- E é aí que mora o problema... Para que uma pessoa honesta consiga se eleger é preciso que a maioria do eleitorado também seja honesta. E hoje não é!
E Sófocles continua:
- E é aí que mora o problema... Para que uma pessoa honesta consiga se eleger é preciso que a maioria do eleitorado também seja honesta. E hoje não é!
- Pô, cara! Não tinha pensado nisso! - Exclama Anésio.
- É isso!
Eu, que fiquei a maior parte daquela conversa como expectador, entendi as razões de Sófocles ser chamado de Glorioso e Sábio. Também achei que, depois da lição do Sófocles, o Anésio vai começar a por seus neurônios para trabalhar.
- Alécia - Aquela que é Banhada pelas Águas do Mar
- Sófocles - O Sábio - O Glorioso.
- Anésio - O Desmemoriado - O Esquecido.
- Elpídio - Aquele que tem esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, não serão publicados comentários que firam a lei e a ética.