sexta-feira, 12 de julho de 2013

SÓFOCLES: SOBRE AS ELEIÇÕES


Máquina de medir Honestidade
Final de tarde em Alécia. Encontro o sábio Sófocles aboletado numa daqueles desconfortáveis cadeiras do Bar Vesúvio. Não sei como a estátua do Contador de Estórias consegue permanecer ali tanto tempo!

Cumprimento-o e sento-me.

Conversávamos amenidades, coisas de menor importância, quando chega o amigo e sempre esquecido Anésio.

Anésio dá um outro rumo à nossa conversa.  Quer falar de política. Começa dizendo que o candidato fulano ou beltrano pode ser a solução para os desmandos dos últimos tempos em Alécia.

É aí que, com sua extraordinária sabedoria, o Glorioso Sófocles faz a seguinte intervenção:

- Políticos!  Um dia poderei acreditar neles!  Mas só quando houver uma máquina capaz de medir honestidade!

Anésio, olhando pra ele surpreso, só consegue balbuciar:

- Ma... mas...

- E tem mais!  -  Prossegue Sófocles  -  A máquina tem que ser inviolável! Os caras são capazes até de fraudar equipamentos pouco confiáveis!

Achando tudo aquilo um pouco engraçado, digo:

- Sou obrigado a concordar com você Sófocles. Mas... mesmo sem ter a alma de Elpídio, acredito que entre todos que compõem a nossa sociedade, deva existir um  -  ao menos um  - honesto e competente para dirigir os destinos de Alécia. Um de nós, por exemplo!

- Sim, há!  Até muito mais que um! Mas estes não somam entre os políticos.  Pelo menos entre os atuais conhecidos e partidários.  Quanto a nós mesmos, é bom ficarmos de fora!

- E se um desses de que você fala resolver entrar na política e se candidatar?  -  Pergunta Anésio.

- Olha, Anésio, o cara não vai conseguir se eleger!  Será o menos votado entre todos candidatos.

- Mas, por que você pensa assim?  -  Insiste Anésio.

- Vamos lá!  -  Prossegue o Glorioso  -  Esse nosso candidato vai cumprir a legislação eleitoral, não vai?

- Vai!!!  -  Respondemos em uníssono.

- Bem... O que você acha que acontecerá quando, durante a campanha, um eleitor condicionar o seu voto a um "presentinho", como 200 tijolos, 1 saco de cimento, 1 cesta básica, ou coisa que o valha?

-  Ele não vai aceitar!  -  Responde prontamente Anésio.

- Pois é, por isso ele não será eleito!  Vai perder o voto desse eleitor e de todos aqueles que não são honestos.

- Como!?  Então você acha que o eleitor que vende seu voto não é honesto!?

- Acho não... Ele é tão desonesto quanto o que compra seu voto! 

E Sófocles continua:

- E é aí que mora o problema... Para que uma pessoa honesta consiga se eleger é preciso que a maioria do eleitorado também seja honesta.  E hoje não é!

- Pô, cara!  Não tinha pensado nisso!  -  Exclama Anésio.

- É isso!

Eu, que fiquei a maior parte daquela conversa como expectador, entendi as razões de Sófocles ser chamado de Glorioso e Sábio. Também achei que, depois da lição do Sófocles, o Anésio vai começar a por seus neurônios para trabalhar.

Por: Souza Neto

  • Alécia  -  Aquela que é Banhada pelas Águas do Mar 
  • Sófocles  -  O Sábio  -  O Glorioso.
  • Anésio  -  O Desmemoriado  -  O Esquecido.
  • Elpídio - Aquele que tem esperança.

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