Fazia uma manhã modorrenta em Alécia. Mesmo àquela hora - e já passava das 8 -, o sol teimava em se esconder por detrás de espessas nuvens acinzentadas.
Por: Souza Neto
Andando pelo centro, Alethea se depara com Abnara (sem trocadilhos). Abnara está a aguardar a chegada de uma amiga comum aos dois: Talassa.
Oriunda de Soterópolis, a embarcação que a traz perdeu o horário. As condições do mar não estão muito favoráveis à navegação.
Talassa |
Enquanto aguardam, Alethea e Abnara tratam de colocar o papo em dia.
Abnara comenta com o amigo sobre as tentativas dos "eco-espertos" jogarem a população de Alécia contra os empreendimentos estruturantes que estão porvir: o Porto e a Ferrovia.
- Esses tais "ambientlistas" são semelhantes a certos "religiosos"...
- Como! - Alethea interrompe, impedindo Abnara de concluir seu raciocínio.
- É isso mesmo! - completa Abnara.
E Abnara prossegue:
- A humanidade não pode reclamar por não ter sido alertada! O Homem de Nazaré foi muito claro quando recomendou para se ter cuidado com os falsos profetas.
- Sim, e daí... Não estou entendendo! Onde está a semelhança entre os falsos profetas e os "eco-chatos"!? - interroga Alethea, demonstrando certa ironia.
- Na forma de enganar, velho! Na maneira como fazem dos incautos e menos esclarecidos uns bobocas!
- Ah! Sei... - Balbucia Alethea.
- E veja que os motivos são os mesmos, tanto dos falsos profetas da religião quanto dos falsos profetas do meio ambiente: ganhar dinheiro! Os "religiosos", dos pobres coitados; os "eco-espertos", dos ricaços do mundo!
- É, mas por que isso acontece...?
- Porque os motivos dos enganados também são semelhantes!
- Como!? - Alethea quase sai do chão.
- Simples, meu caro. - Retorna Abnara com sua voz pausada e mansa. - Não se esqueça de que a maioria dos homens na Terra está sempre em busca de um degrauzinho para o Céu. Pelo menos os ditos espiritualizados... Os que não são materialistas nem agnósticos.
- É... Você tá certo! - Consente Alethea.
- Por isso tornam-se tolos e são facilmente enganados pelos falsos profetas das religiões. Você já notou como número de igrejas não para de crescer! Cada dia surge uma nova e com nome novo!? E geralmente com seus templos encravados nas comunidades mais carentes e menos esclarecidas!?
- Calma Abnara, não precisa fazer discurso!
Fingindo não ouvir as ponderações do amigo, Abnara continua:
- Pipocam aqui, ali, como se fossem milho jogado no óleo quente!
- Mas, por que os caras se deixam enganar assim!?
- Velho, já lhe disse: anseiam por um degrauzinho que os leve até o Céu! E, por sua própria inteligência limitada, esses homens e mulheres se tornam joguetes da ilusão!
- Sei, mas o que leva as pessoas a serem enganadas pelos falsos profetas do meio ambiente, se estes não prometem nada das esferas celestiais?
- Ah! Cara! Aí a moeda de troca é outra! Diferentemente daqueles que querem um "terreninho" no Ceú, os sublimados pelos "eco-espertos" querem um terreninho aqui mesmo na Terra. Uma gleba, um sítio... uma área cheia de mato... um riozinho ou uma lagoa pra pescar uma piaba e colocar no espeto. Coisas assim! E querem que o desenvolvimento passe bem longe, ainda que seus descendentes tenham que comer o pão que o diabo amassou para sobreviverem miseravelmente, quando poderiam muito bem tirar proveito do mundo tecnológico que aí está.
- Porra, cara! Quando você engrena não quer mais parar de falar!
- Eu só estou tentando lhe explicar, Alethea. O homem é um tolo. Seu orgulho e sua pouca inteligência leva-o a aceitar erros por verdades e repelir verdades como se erros fossem! E o resultado colhido desses enganos são as decepções. Decepç...
- Olha lá! Lá vem nossa amiga Talassa! - Exclama Alethea apontando o indicador na direção de um pontinho quase imperceptível no horizonte do mar de Alécia.
Foi o suficiente para ambos encerrarem aquela conversa e a passos lépidos dirigirem-se ao cais.
Índice remissivo:
- Alécia - Aquela que é banhada pelas águas do Mar.
- Alethea - Verdade Suprema.
- Abnara - Luz da Sabedoria
- Talassa - Vinda do Mar
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