Putzz! Tô ficando pinel! |
Os sistemas automatizados tomaram conta da vida de todos nós. Eu disse "DE TODOS”! Vai ter alguém aí dizendo que está livre disso!
Mentira!!!
E não adianta espernear! Eles estão presentes no banco, no INSS, no SUS, nas salas de aula, na condução de um simples veículo, e no raio que o parta! Onde o meu (e o seu) nome, minha (e sua) identidade, pouco importam. Eu sou (e você também) um número, uma senha.
Fomos reduzidos a um cartão magnético e uma senha. Pode-se até dizer que os cartões estão com os dias contados, considerando-se os avanços dos códigos e senhas por intermédio das impressões digitais, da voz e da visão, como forma de identificação para acessos e autorizações.
- Mas, isso não é de hoje! - Algum leitor mais crítico deve estar dizendo (ou pensando).
- Eu sei! - Respondo - Há uma praga de código ou número - como queiram – que me acompanha desde o nascimento. Quando nasci, meu pai foi ao cartório e ganhei a primeiro código alfa-numérico.
Um código-senha composto pelo número do registro, do livro e da folha. Logo abaixo de um enorme cabeçalho com dados da Comarca e acima de informações detalhadas sobre todos os seres nascidos de mulher! Até o sexo está lá! Como se isso tivesse algum valor nos dias de hoje! Nesse aspecto eu continuo muito antiguado. Para mim, "pau" e "xoxota" nascem com funções bem definidas...; e "outra coisa" é pra fazer "outra coisa"!
Depois desse acontecimento (o registro), todo mundo é obrigado a apresentar essa chave ou senha tipografada num papiro em todos os lugares onde é preciso se fazer conhecido.
E não demora muito pra gente ganhar um novo código, este chamado “cadastro de pessoa física” ou simplesmente CPF, para os mais íntimos.
Aí, no meu caso, a coisa não parou mais... Na Marinha recebi o “número de identificação de pessoal” (NIP), o número do PASEP, um número interno, que me identificava no Batalhão, na Companhia e no Pelotão. Até o desgraçado do fuzil que me deram tinha um número e um local, também com número, onde deveria ser guardado. Eu era o responsável por ele... Tirava serviço com ele... dormia com ele, tinha de fazer sua limpeza... E o seu número estava associado ao meu.
Hoje os tempos são outros, claro! Temos a Internet!
A Internet é extraordinária... Mas se a gente não tomar cuidado ela toma conta de nossa vida!
Nesse mundo virtual, códigos e senhas estão por toda parte!
Nos meus hábitos “internéticos” preciso de códigos e senhas para iniciar meus computadores; para acessar e-mails; para atualizar este de Blog; etc.
E, quase sempre, quando desejo acessar um site, lá está a exigência de um cadastramento... com o chamado “username” (código) e a senha, claro.
Mesmo depois de cumprir esse primeiro ritual ainda sou convidado a completar meu cadastramento preenchendo um prontuário que mais parece um interrogatório de Inquérito Policial.
Manhêêê! Esqueci a senha! |
Do jeito que a coisa vai, fico imaginando alguém criando códigos e senhas para “operação” em vaso sanitário. Você ta lá, sentado, e na hora “agá”, uma voz de fundo de vaso solicita: “por favor, digite sua senha”! E o que é pior... Vai que naquele momento de aperto você tenha se esquecido da danada!
Para se manter conectado, digite sua senha! |
Imagina, na hora de transar, velho...!
Cara! Senha para transar é demais! Putzzz! Você ta lá, querendo chegar “nos finalmente”, quando uma voz interrompe e diz: “digite seu “password” para fazer “login” e continuar “conectado”.
E pede em inglês só pra complicar!
Aí você reage: “pô, velho, eu já tava quase logando!”
Não tem jeito... Vai ter que parar, lembrar a senha, e voltar a “logar” novamente. Resta saber se a “ferramenta” de “logar” ainda vai estar pronta para executar o serviço.
Pior que isso é receber uma das seguintes respostas:
“sua senha está incorreta!”
“usuário e senha não conferem!”
“seus dispositivos são incompatíveis!”
“esqueceu a senha?”
“reinicie a sessão!”
Coisa de doido, velho!!!
Lembro-me que o Drummond (o Carlos de Andrade) escreveu em um de seus livros que
“A palavra é a senha da vida... a palavra é a senha do mundo.”
Aproveito para corrigir:
“Isso foi no seu tempo Drummond!”
"Hoje o sistema é bruto, se você não tiver a senha, SIFU...!!!”
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