quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ELEIÇÃO, QUEM DECIDE...

Em se tratando de processo eleitoral, eu não tenho dúvidas!  

Não decido nada!

Nem eu, nem aqueles que, possuindo uma boa dose de discernimento, pensam como eu!

Quem decide mesmo eleição é quem vende o voto!

E o que significa vender o voto!?

Diferentemente do que muitos estão a pensar, vender o voto tem uma definição bem mais ampla do que sua troca direta por dinheiro!

Vende o voto, no sentido mais amplo, quem, por exemplo, recebeu ou tem a expectativa de receber alguma vantagem pessoal do candidato.
  
Essa vantagem pode ser um favorzinho do tipo, antecipação de um exame ou consulta na área da saúde; o pagamento de uma receita médica na farmácia; o recebimento de telhas, tijolos, cimento e outros produtos para terminar o barraco; um filtro, um cobertor, uma garrafa de aguardente ou, até mesmo, uma cesta básica  -  com produtos adquiridos pela CONAB, claro.

Pode ser também uma dentadura, um óculos de grau (já na medida certa para o cliente).

Não faltam os que prometem um emprego  -  na Prefeitura, claro!

Estamos todos, portanto, a mercê dos compradores de votos!

Foi por isso que um dia (em 2002) escrevi essa bobagem aí embaixo:



LAMENTOS (2002)


Pisando a terra fértil, eu tenho fome
Estúpida contradição! Haverá outro nome?
Debaixo do pé de coco, eu tenho sede.
O tempo passa, a vida me consome.

Frutas, legumes, verduras do capixaba,
Aqui não dá, a terra fértil, rica, molhada.
O mesmo se dá com a riqueza do mar,
Parece que os peixes saíram pra passear.

Coisa que nem por decreto se acaba
É o egoísmo e a incompetência do homem.
No quarto escuro, engulo a sede e bebo a fome,
À beira da fonte, água me sufoca, terra me consome.

Deixei-me enganar por homens de pouca fé,
Que faço agora, pra consertar José?
Bolso vazio, me falta a grana, me falta o pão,
Até quando assim será, assim será João?

Marias, Josés, Joãos, Manuéis e Juvenais,
Na esperança, esperando o fim dos temporais.
Braços cruzados, inertes, aguardando a bonança:
Espera maldita, espera danada, que mata, que cansa.

Meninos descalços, doentes, desnutridos,
A quem culpar por esses fracos e desvalidos?
Se não fui correto e prudente, ao ter escolhido
Os fáceis enganos dos votos vendidos?

Promessas vãs, enganações e chicanas.
Deixei-me enganar pelos políticos sacanas.
Filtro, cesta básica, aguardente corote...
Assim arquitetei a minha própria sorte!

Depois da eleição, sequer saio na foto,
Fiquei a mercê dos compradores de voto. (...).
No original, sigo "lamentando" por mais algumas dezenas de linhas, até que a indignação se esgota e deixa-me sem inspiração. 

O texto completo iria cansar demais os leitores. O intuito é somente provocar uma reflexão sobre tudo que hoje acontece em Ilhéus e cidades vizinhas.
J. A. SOUZA NETO

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