Sucateamento das Forças Armadas
Sucateamento das Forças Armadas é denunciado na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra
Carlos Newton - Tribuna da Internet - 27/04/2012
Jurista Waldemar Zveiter |
Carlos Newton - Tribuna da Internet - 27/04/2012
Incisivo,
verdadeiro e emocionante – assim pode ser resumido o extraordinário
discurso do jurista Waldemar Zveiter, quinta-feira, em reunião da
Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), em que
fez importantes denúncia, especialmente no tocante ao sucateamento das
Forças Armadas.
O primeiro pronunciamento foi
do presidente da Adesg, Pedro Luiz Berwanger, que falou sobre a
importância da ação da Maçonaria brasileira em defesa da soberania sobre
a Amazônia, hoje ameaçada pela Declaração das Nações Unidas sobre os
Direitos das Nações Indígenas
Texto completo
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. Berwanger alertou que esse Tratado da ONU,
assinado pelo governo brasileiro em 2007, determina a independência
política, administrativa e social das 206 etnias indígenas existentes no
país, cujas reservas podem se transformar em países autônomos, se o
Brasil realmente seguir os termos do acordo internacional.
Falando
em seguida, Waldemar Zveiter, que é Grã-Mestre da Maçonaria no Rio,
atacou duramente o governo federal, mas sempre se referindo ao
“presidente Lula”, sem mencionar em momento algum sua sucessora Dilma
Rousseff, como se Lula ainda estivesse no poder, o que não deixa de ser
vedade. O jurista começou criticando o governo federal por ter enviado
em 2005 ao Congresso o projeto 4.779/05, que permitiria a alienação de
parte da Amazônia a empresas privados. A proposta foi encaminhada em
regime de “urgência constitucional”, que dava à Câmara e ao Senado
apenas 45 dias cada um para debatere e aprovar a inovação.
Zveiter
disse que naquela ocasião escreveu e publicou o livro “A Maçonaria pela
Integridade da Amazônia em defesa da Soberania do Brasil”, que foi
distribuído a todos or parlamentares e contribuiu para a rejeição do
projeto de Lula.
Em seguida, o ex-ministro do
Superior Tribunal de Justiça retomou a linha do discurso de Berwanger e
chamou atenção para as ameaças à soberania brasileira na Amazônia.
Lamentou então o progressivo sucateamento das Forças Armadas e os baixos
salários dos militares, dizendo que hoje a remuneração de um general de
cinco estrelas é inferior ao vencimento de um juiz iniciante, fato que
considera injusto e até inconcebível.
Passou a
analisar a situação dos equipamentos de cada uma das Armas, mostrando
que Exército, Marinha e Aeronáutica não têm a menor condição de defender
os interesses e a soberania do país. “A maior parte dos equipamentos
está obsoleta. A Marinha só tem um porta-avisões, comprado de terceira
mão, que nem sai ao mar”, lembrou, assinalando que os outros navios da
Armada foram fabricados na época da Segunda Guerra Mundial.
Foi
um discurso longo, que a platéia ouviu em impressionante silêncio, no
salão do Clube da Aeronáutica. Sempre de improviso, Zveiter mostrou ser
um experimentado orador e foi emendando uma denúncia à outra. Citou
também a situação crítica do Exército, especialmente nas áreas de
fronteira, sem condições de defender os interesses nacionais na
Amazônia.
Depois demorou-se a apontar o
sucateamento da Aeronáutica, que tem cada vez menos aeronaves em
condições de voar. Indagou então pelos novos caças, que ninguém sabe
quando realmente serão comprados, e perguntou até quando os Mirage
poderão continuar em serviço. “E quantos Mirage existem. Oito, cinco?” –
ironizou
Ao final, criticou também a
discussão do Código Florestal no Congresso sem que tivessem sido ouvidas
as Forças Armadas nas questões relativas à Amazônia. Disse que isso
mostra que os governantes brasileiros, além da permitirem a progressiva
obsolescência dos equipamentos, também desprezam a valiosa opinião dos
militares.
Ao encerrar o pronunciamento,
Zveiter foi ovacionado, com todos os participantes da sessão se
levantando para aplaudi-lo demoradamente.
Se
algum parlamentar subisse à tribuna do Congresso para fazer um discurso
nesses termos, certamente também seria ovacionado, mas cadê coragem?
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