terça-feira, 17 de setembro de 2013

"XI-JÉGUE"

Estava pensando em escrever um bom artigo sobre o "baianês".  Tecer considerações a respeito de expressões largamente empregadas por nós, bahianos, como: "oxi", "vixe", "nestante", "pocou", "mais eu", "ni",  além de outras. Não parece tarefa fácil, pois tem o "baianês" sulbaiano, o oestano e o metropolitano. Arrghh!!!

Tá difícil "véi". A "bola-sete" entrou em sinuca-de-bico e o taco espirrou! Tô na "Briosa"! É...!!! de volta! E o tempo anda escasso, "sô"!

Pra não deixar o blog parado, decidi republicar algumas abobrinhas escritas tempos atrás. 

Aí está uma delas:

 

("XI-JÉGUE" foi postado originalmente em fevereiro de 2011)   

 

 "XI-JÉGUE"

Fazia uma bela noite em Alécia. O calor era intenso e qualquer fiapo de brisa seria muito bem-vindo naquela praça do Pontal. A lua, sorridente, abraçava a todos com seus raios luminosos.

Ágabo chega e senta-se em volta de uma das mesas. Logo depois, seu amigo Aristides faz o mesmo. À frente dos dois, num "trailer" esfumacento, gente se desdobra, nas chapas quentes e engorduradas, para atender aos pedidos com a maior brevidade possível.

Chega um rapaz, travestido de garçom,  ao qual Ágabo solicita o "menu", num francês pra ninguém botar defeito.  

- O quê? "meni"? - surpreende-se  o rapaz.

- É!  Mas, se não tiver "meni" pode trazer o cardápio mesmo!  -  diz Ágabo.

Enquanto isso, Aristides só observa.
Já de cardápio nas mãos, Ágabo esbraveja.

-  Mas, que diabos de tanto "Xis"!

- O que foi Ágabo?  -  interroga Aristides.

- Dê uma olhada...  -  e foi passando o cardápio. - Olha Aristides, quase todos os sanduíches começam com a letra "Xis"!

- Ahn... é verdade.  -  Aristides concorda com o amigo.

- Já leu?  Tem diversos "espécimes" de sanduíches cara! "X-Egg", "X-Bacon", "X-Tudo", e por aí vai...

- Sim, e daí?  - pergunta Aristides.

- Logo você cara!?  Alguém que eu tenho na conta dos intelectuais... Você, "O Brilhante e Astuto", me fazendo uma pergunta dessas depois de ter lido essas baboseiras!?

- Calma velho!

- Onde você já viu se escrever queijo com Xis!?  -  pergunta Ágabo.  -  E ainda dizem que "O Incerto" sou eu! -  completou, demonstrando irritação.

- Ah... entendi...

- Aaahhh!  Já percebeu?  E antes que você me diga: "É queijo em inglês, seu burro!", eu vou lhe dizendo que queijo em inglês é com "C" e não com "X".  Escreve-se "Cheese", cuja pronúncia correta é "tchiiz" e não "Xis".
  
- Tá bom!  Não precisa fazer discurso!  Nós viemos aqui pra quê?

- Pra comer, né!?

Mal Ágabo havia respondido, chega o "garçom" com os pedidos:

- O "Xi-Jégue" é de quem mesmo?

Ágabo olhou pra Aristides, que também olhou pra Ágabo.  E os dois deram uma sonora gargalhada.

- Tá vendo... - foi dizendo Ágabo.  -  Queijo virou "Xi" e ovo virou "Jegue".

Saíram dali comentando sobre a fertilidade da imaginação dos brasileiros em criar novos verbetes.  Não demora muito, o Ximenes ou o Aurélio incluem essas baboseiras nos seus dicionários com os significados estapafúrdios que as pessoas querem dar a elas, concluíram.

Notas: 
1) BAHIANO! Foi assim que escrevi! Bahiano tem que escrito com "H" PORRA!!!! E com o "HI" tônico. Baiano, sem "H", é pra quem nasce e/ou vive em baia, local onde os equinos descansam e se alimentam. Os gramáticos que se fodam! Não sabem nada! São todos burros!

2) ARISTIDES - O Brilhante e Astuto (em grego).

3) ÁGABO  -  O Incerto (em grego).

Autor: Souza Neto (26/02/2011). 
(Membro da Academia de Letras e Artes de Canavieiras (ALAC).

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